Título: MINISTRO SE DIZ AMEDRONTADO COM AÇÃO CRIMINOSA
Autor: Cristiane Jungblut e Carlito Costa
Fonte: O Globo, 08/08/2006, O País, p. 5

Não vou colocar a faca no peito do governador¿, afirma Thomaz Bastos

SÃO PAULO. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem que está amedrontado com a nova onda de violência em São Paulo e voltou a oferecer ao governo paulista o envio de soldados da Força Nacional de Segurança. Bastos afirmou que pretende conversar ¿sem disputas¿ e ¿de forma absolutamente amigável¿ com o governador Cláudio Lembo (PFL).

¿ Faço parte da população de São Paulo e também estou amedrontado. Não quero aproveitar e colocar a faca no peito do governador. É uma oferta de quem quer colaborar, de quem mora em São Paulo e está sofrendo esse drama com os paulistanos ¿ afirmou Bastos, depois de dar palestra na universidade UniFMU, no Centro de São Paulo.

Apesar do tom diplomático, o ministro disse que os novos ataques a ônibus e agências bancárias poderiam ter sido evitados se Lembo tivesse aceito a ajuda federal em maio. Na época, Bastos ofereceu o envio de forças do Exército.

¿ Se a gente colocasse operações do Exército aqui, elas teriam um efeito dissuasório muito grande, como teriam tido em maio. É claro que o Exército não é preparado para isso, mas nas emergências já funcionou muito bem em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo ¿ afirmou o ministro, que se reuniu com Lembo na sede do Ministério Público estadual, atingida por uma bomba na madrugada de ontem.

Antes de conversar com o governador, Bastos disse que reiteraria o oferecimento de ajuda do governo federal centrado em três pontos: envio das Forças Armadas, abertura de novas vagas na penitenciária federal de Catanduvas (PR) e instalação imediata do Gabinete de Gestão Integrada (GGI).

O ministro disse que, na última reunião, Lembo pediu a criação de uma força-tarefa para enfrentar a onda de atentados da facção criminosa.

¿ Vou propor de novo ao governador que se acelere a instalação de um gabinete de crise permanente até que a situação em São Paulo tenha uma clareira e uma luz no fim do túnel ¿ afirmou Bastos, que não quis dar entrevistas após o encontro.