Título: BRA já tem mais mercado que a Varig no país
Autor: Patrícia Duarte, Erica Ribeiro e Ronaldo D¿Ercole
Fonte: O Globo, 09/08/2006, Economia, p. 31

BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO. Em crise financeira aguda e provocando o encolhimento do número de passageiros transportados, em julho, pela primeira vez em 2006, a Varig foi ultrapassada pela BRA e é agora a quarta companhia do mercado doméstico de aviação. A fatia da empresa ¿ que cancelou rotas, pediu um plano de emergência e foi comprada pela VarigLog há menos de um mês ¿ ficou em 3,54%, conforme antecipado pelo GLOBO ontem, bem abaixo dos 10,51% de junho. A BRA, por sua vez, saltou de 3,78% para 4,38% nesse período.

A má fase da concorrente também consolidou a liderança da TAM, que detém mais de metade (51,22%) do total, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgados ontem. A Gol, vice-líder do setor, viu sua participação passar de 35,05% para 36% em julho.

No geral, o mercado doméstico encolheu 0,84% em julho, com o transporte de 3,645 milhões de passageiros. Os vôos da Varig levaram 129 mil pessoas, quase 86% menos do que em julho de 2005, quando detinha 24,79% do mercado nacional. A TAM, por sua vez, transportou 1,867 milhão (alta de 22%) de passageiros em julho, enquanto a Gol, 1,312 milhão, 45% mais do que junho.

Empresas menores também avançaram. A Ocean Air, por exemplo, registrou participação de 2,27% no mercado doméstico em julho, acima do 0,97% do mês anterior.

No mercado internacional, a Varig também foi ladeira abaixo. Perdeu a liderança para a TAM, que passou a deter 52,64% do total, acima dos 37,91% do mês anterior. A Varig viu sua fatia despencar de 53,78% para 29,96%. A Gol conseguiu crescer neste segmento, de 5,61% para 10,92%.

Ao todo, 402.932 pessoas fizeram vôos internacionais no mês passado, quase 50% menos do que em junho. A retração veio basicamente dos cancelamentos de vôos da Varig. A empresa tem quase 80% das rotas internacionais mas deixou de operar a maior parte.

O analista Marcelo Ribeiro diz que a queda de participação da Varig, tanto no mercado doméstico quanto no internacional, é isolada. Para ele, a partir do crescimento da companhia e da percepção pelos clientes do retorno da normalidade nas operações, a fatia da Varig voltará a crescer:

¿ A marca Varig ainda é muito forte e isso ajudará na retomada do crescimento.

O vice-presidente de Marketing e Serviços da Gol, Tarcísio Gargioni, acredita que apesar de a indústria BRAsileira de aviação ter ficado negativa em 0,9% no mês de julho, o setor está aquecido e a previsão é que encerre o ano com 20% de crescimento. O resultado da Gol em julho é explicado por Gargioni pelo aumento na oferta de assentos devido ao maior número de aviões.

¿ No mercado internacional, houve aumento também no número de destinos. No ano passado voávamos apenas para Buenos Aires e agora temos vôos também para Montevidéu, Córdoba, Rosário e Bolívia. Até o fim do ano, teremos vôos para o Chile e Peru. Vamos aumentar a frota de 51 para 62 aviões até dezembro.

Infraero deve redistribuir balcões em aeroportos

A Infraero deve autorizar hoje a redistribuição de boa parte dos balcões de check-in da Varig nos aeroportos, para outras empresas, especialmente TAM e Gol. A informação foi dada pelo diretor de Operações da Infraero, Rogério Barzellay, depois de reunião com representantes das empresas em São Paulo. Segundo Barzellay, a redução dos vôos vem trazendo ¿prejuízo moral¿ à estatal por causa dos transtornos causados a passageiros:

¿ Há uma determinação do governo e da Infraero para que os transtornos sejam resolvidos imediatamente. A intenção é diminuir a angústia dos passageiros.

A redistribuição das áreas será objeto de reunião hoje em BRAsília. O rearranjo não será restrito às áreas da Varig e terá caráter temporário. A Aéreo Transportes Aéreos (ATA), que comprou as operações da Varig no leilão, se opôs à iniciativa da estatal.

--------------------------------------------------------------------------------