Título: Alckmin reage com pacote anticorrupção
Autor: Adriana Vasconcelose Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 10/08/2006, O País, p. 12

BRASÍLIA. Um dia depois de o candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo alckmin, ter aparecido em queda nas pesquisas, acendeu a luz amarela no comitê da campanha tucana e o comando decidiu imprimir um discurso mais ofensivo contra o que considera a maior fragilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o combate à corrupção. O candidato anunciou um pacote anticorrupção e de modernização da gestão pública, que será incorporado ao programa de governo e que pode ser lançado semana que vem.

A decisão de fazer uma campanha mais agressiva dividiu, a princípio, o conselho político, que se reuniu ontem com alckmin. Mas mesmo com o indicativo de que se deve adotar um discurso mais duro em relação ao presidente Lula, alguns aliados temem que alckmin continue no seu tom moderado, evitando, a seu estilo, ataques contundentes.

Por isso a aposta do núcleo de campanha é usar o horário eleitoral gratuito para tentar vincular novamente a imagem de Lula aos escândalos de corrupção. Quando os programas partidários do PSDB e do PFL bateram nesta tecla, no primeiro semestre, alckmin subiu e Lula caiu um pouco. O pacote anticorrupção foi outra forma encontrada para abordar o assunto e estabelecer um contraponto ético em relação à gestão Lula.

¿ Hoje, no governo federal, não há casos isolados de corrupção. Ela perpassa por vários ministérios. Não há controle dos gastos públicos. Precisamos recuperar a gestão de princípios e valores. É preciso prevenir a corrupção. Evitar o desperdício ¿ afirmou alckmin, ao anunciar que o pacote anticorrupção será elaborado por um grupo de especialistas em administração pública, juristas e representantes de organizações não-governamentais.

O candidato adiantou que entre as propostas estão controle de gastos, pregões eletrônicos, revisão de convênios, auditorias e um ambicioso programa de modernização do Estado e desburocratização da máquina pública.

¿ O Brasil pode ir bem melhor do que está indo. Primeiro, extirpando essa praga da corrupção e depois ter um governo mais eficiente. Estamos andando de lado em vez de crescer ¿ disse alckmin.

Tucanos e principalmente pefelistas querem que alckmin faça ataques diretos, relembrando as denúncias de corrupção contra Lula. Segundo o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), as pesquisas indicam que o tema corrupção sempre resvala no Executivo.

¿ Temos que entrar nesse tema. A corrupção está institucionalizada. Temos que mostrar que o governo alckmin vai melhorar os controles de combate à corrupção no país. Não dá para reagir só quando os cofres públicos estão arrombados ¿ disse.

¿ Temos que intensificar esse programa de combate à corrupção. É uma área que exige medidas enérgicas do Executivo. Vamos querer um país decente, slogan que no passado foi do Lula ¿ disse o deputado Moreira Franco, representante do PMDB no conselho político.

Recuperação de Lula preocupa tucanos

Na reunião do conselho político da campanha de alckmin foi analisada a tendência de queda do candidato nas pesquisas. Internamente, o que mais preocupou os tucanos foi não só a recuperação dos índices do presidente Lula mas também do seu governo.

Na tentativa de sair da defensiva, o comando de campanha está reforçando a agenda de alckmin nos estados. Nos locais com palanque duplo, ficou acertado que a campanha nacional vai se sobrepor à dos candidatos estaduais. Também será cobrado empenho maior dos líderes regionais, principalmente no Nordeste, onde alckmin continua com desempenho sofrível.