Título: Cristovam insiste em só falar de educação
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 10/08/2006, O País, p. 14

O candidato do PDT à Presidência da República, cristovam Buarque, em entrevista ontem ao ¿Jornal Nacional¿, bateu na mesma tecla: a educação. Usou os 11 minutos e 30 segundos da entrevista para insistir nas propostas sobre o tema que elegeu para ser a marca de sua campanha. Mas não soube precisar de onde sairiam os recursos para erradicar o analfabetismo, para a escola integral e para aumentar os salários dos professores.

Quando confrontado com números sobre o analfabetismo em sua gestão como ministro da Educação, cristovam insistiu que diminuíra os índices colocando 3,2 milhões de adultos em sala de aula. O apresentador William Bonner afirmou que, segundo o IBGE, em 2003, início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da gestão de cristovam, eram 14.635.519 analfabetos no Brasil. No ano seguinte, eram 14.650.947.

¿ A população cresce. É uma torneirinha. Eu coloquei na escola 3,2 milhões que saíram do analfabetismo. Outros entraram. A erradicação do analfabetismo para valer, só quando tiver o que defendo, uma revolução na educação de base. A meta era 3 milhões e coloquei 3,2 milhões. Como fecha a torneirinha? Com a escola de seis horas por dia.

Ele defendeu padrões mínimos nas escolas de todo o país em salário, formação e conteúdo e equipamentos. Ao ser indagado de onde viriam os recursos para sustentar, por exemplo, projeto de sua autoria, recém-aprovado, que estipula em R$ 800 o piso salarial do professor em todo o país, cristovam não explicou. Apenas afirmou que com R$ 7 bilhões anuais, ao longo de 15 anos, seria possível acabar com a repetência e o analfabetismo.

¿ É 1% do Orçamento. Vocês têm três filhos. Se cobrassem 1% a mais para melhorar a escola, vocês não gastariam?

cristovam procurou desfazer a imagem de perdedor, invocada com a lembrança da derrota para a reeleição ao governo do Distrito Federal e da demissão do Ministério da Educação. O candidato disse que foi o primeiro a implantar a Bolsa Escola, como governador, e que deu início a todos os projetos previstos no programa de governo de Lula, mas que ficaram nas gavetas da Casa Civil.

¿ É o presidente que manda os projetos para o Congresso. Ele mandou me dizer que isso ia atrapalhar a reeleição dele, porque os prefeitos não iam gostar. Incomodei tanto, que saí.

em outra entrevista, ao ¿Jornal das 10¿, da Globonews, cristovam voltou a atacar Lula.

¿ Eu quero a Presidência, estou preparado. Mas não quero só a Presidência. Eu tenho uma causa. Se não quer votar em mim, vote em alguém que defenda a educação. Mas não acredite nesses que nunca falam em educação, que passaram por cargos sem fazer nada por educação, como o presidente Lula, e agora vêm falar em educação. Não faço questão que votem em mim, mas votem em educação ¿ afirmou, olhando para a câmera.