Título: Inflação de julho pelo IGP-DI recua para 0,17%
Autor: Luciana Brafman
Fonte: O Globo, 10/08/2006, Economia, p. 36

Com desaceleração nos preços do atacado e da construção civil, a destaque1'>inflação de julho medida pelo Índice Geral de Preços (IGP-DI) ficou em 0,17%, abaixo do 0,67% do mês anterior, de acordo com dados divulgados ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). No ano, o IGP-DI acumula alta de 1,45% e, nos últimos 12 meses, de 1,56%. Apesar de qualificar o recuo como ¿forte¿, o coordenador de Análises de Preços da FGV, Salomão Quadros, afirma que esse comportamento tem sido comum:

¿ O gráfico dos últimos 12 meses mostra que, sempre que o índice sobe num mês, devido a algum fator pontual, acaba desabando no mês seguinte, porque não há nada que sustente a alta da destaque1'>inflação. O choque não se transmite, não se generaliza.

O Índice de Preços por Atacado (IPA), com peso de 60% no IGP-DI, ficou em 0,17% no mês passado, ante o 1,06% de junho. Os produtos agrícolas tiveram alta de 0,45% e os industriais, de 0,08% ¿ ambas abaixo das variações verificadas do mês anterior, de 1,66% e 0,88%, respectivamente. Alimentos como aves (-7,58%) e feijão em grão (-7,01%) contribuíram para a desaceleração no atacado.

No varejo, porém, a destaque1'>inflação ¿ ainda que ¿baixíssima¿, segundo Quadros ¿ ficou acima da de junho. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) fechou o mês em 0,06%, ante a deflação anterior de 0,40%. Alimentação (0,14%) e Transporte (0,13%) fizeram as maiores pressões. O item frutas, responsável pela maior parte (60%) do aumento na Alimentação, ficou em 8,54%. Em Transportes, a alta veio, sobretudo, do álcool combustível (0,63%) e da gasolina (0,31%).

Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com participação de 10% no IGP-DI, passou de 0,90% em junho para 0,47% em julho. Nesse período, o custo da mão-de-obra do setor caiu de 1,32% para 0,72%.

Para este semestre, Quadros prevê alguma alta nos preços das carnes, por causa da entressafra. A variação já está sendo percebida no atacado e pode chegar no varejo em agosto. Outro item que pode gerar repique inflacionário é o petróleo. Mesmo assim, Quadros afirma que as altas não terão caráter generalizado. Segundo ele, até o menor ritmo da economia americana deve ajudar a manter o IGP-DI sob controle, freando tentativas de repasse de preços das commodities industriais.

Economista descarta novas deflações este ano

O economista Carlos Thadeu de Freitas Filho, do grupo de conjuntura do Instituto de Economia da UFRJ, concorda que as pressões de destaque1'>inflação são isoladas. Em agosto, por causa de alimentos de origem animal (carnes em geral) e de combustíveis, como o álcool, ele projeta que o índice volte a subir, para 0,60% ou 0,70%, um ¿patamar mais elevado, mas que não indica tendência de alta¿. Para ele, no entanto, a ocorrência de novas deflações está descartada:

¿ Não vejo mais deflações, como no passado. O índice vai oscilar entre variações mais fortes em alguns meses, com repasses pontuais, e taxas de destaque1'>inflação baixa em outros.