Título: Inclusão de senadores foi polêmica
Autor: Isabel Braga e Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 11/08/2006, O País, p. 13

BRASÍLIA. A destaque1'>Inclusão de três senadores na lista dos 72 acusados pela CPI dos Sanguessugas só ocorreu depois de muita negociação. Na quarta-feira, o relator geral, Amir Lando (PMDB-RO), ficou muito estressado quando decidiram incluir no rol dos pedidos de cassação os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT).

¿ Tiramos algumas pessoas, como o deputado Helenildo Ribeiro, porque descobrimos que o dinheiro foi para o filho dele, candidato a vereador. Ele nem sabia de nada nem apresentou emendas. Incluir os senadores foi a parte mais difícil. O Amir ia e voltava... ¿ relatou o presidente da CPI, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ).

Durante a reunião da cúpula da CPI anteontem, a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) questionou se o fato de Magno Malta ter usado um carro da Planam seria suficiente para incluí-lo na relação dos processados.

¿ Não pode usar um carro emprestado? ¿ perguntou a candidata do PSOL.

¿ Um parlamentar usar o carro de uma máfia que comprava 10% do Congresso? Se isso não é quebra de decoro, não sei o que é ¿ reagiu Biscaia.

Suassuna apresentou emenda de R$ 2 milhões. Segundo depoimento de Luiz Antônio Vedoin, houve acerto com Marcelo Carvalho, assessor do senador, para pagamento de comissão de 10%. Suassuna acusa Marcelo de falsificar assinatura e nega envolvimento.

Em seu primeiro mandato e candidata ao governo de Mato Grosso, Serys é acusada de ter recebido propina de R$ 35 mil, paga ao genro dela, Paulo Roberto, na Planam. O acordo, segundo Vedoin, seria para apresentação de emenda de R$ 1 milhão. Ela apresentou R$ 700 mil em 2004, ficando o resto para o ano seguinte. O genro teria ido à Planam e pedido dinheiro para pagar uma dívida de campanha da senadora.

Já o senador Magno Malta teria procurado o deputado Lino Rossi (PTB-MT), um dos pioneiros da máfia das ambulâncias, e comentou que precisava de um carro para transportar sua banda. Lino lhe repassou um Fiat Ducato, dado pela Planam. O veículo ficou em posse de Malta por cerca de três anos. Vedoin acusa Malta de ter traído o acordo para que apresentasse as emendas em troca do carro.