Título: Lando tentou mudar o relatório até amanhecer
Autor: Raquel Miura*
Fonte: O Globo, 11/08/2006, O País, p. 8
BRASÍLIA. Eram pouco mais de 19h de quarta-feira quando o presidente da CPI, Antônio Carlos Biscaia, e os sub-relatores fecharam o acordo para denunciar 72 parlamentares. O relator Amir lando ficou com a tarefa de apenas finalizar o texto. Mas a queda-de-braço para se chegar a esse número só terminou ao amanhecer.
Ontem, após a aprovação do relatório, Biscaia, Gabeira, Aleluia e Jungmann foram comemorar o acordo numa churrascaria. lando passou a noite ligando para os envolvidos e para os companheiros da CPI. Ele insistiu até o último minuto que deveriam dividir os 90 investigados em três grupos: os com pedido de cassação, os que sofreriam mais investigações e os inocentados. Foi vencido.
Durante a tarde, enquanto discutiam caso a caso, e decidiram fechar em 72, muito nervoso, lando cobria o rosto com as mãos e se movia inquieto de um lugar para outro.
¿ Vários parlamentares estão me procurando em desespero completo, que pode se transformar em ressentimento e até em atos de violência!
Depois da reunião da tarde, o grupo voltou a se reunir até 3h da madrugada, mas já com o entendimento de não mais mexer na lista dos processados. Nesse período o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) foi um dos que imploraram que retirassem seu nome, alegando inocência.
¿ Fui embora às 3h. Às 5h fui acordado com uma ligação do Amir (lando) dizendo que estava desesperado, com uma dúvida sobre um nome. Eu lhe disse: senador, pelo amor de Deus, não há mais tempo para dúvidas! ¿ contou Biscaia.