Título: Dos 72 acusados, 63 são da base do governo
Autor: Raquel Miura*
Fonte: O Globo, 11/08/2006, O País, p. 8

BRASÍLIA. PartiDos da base do governo no Congresso predominam, com folga, na lista Dos parlamentares denunciaDos pela CPI Dos Sanguessugas. O partido com maior número de envolviDos no escândalo é o PL, com 18 parlamentares citaDos no relatório final. O PTB tem 16, o PP tem 13 e o PMDB, oito, inclusive seu líder no Senado, Ney Suassuna (PB), um Dos principais articuladores do Planalto na Casa e no partido. Dos 72 denunciaDos, ao menos 63 são governistas e nove, da oposição.

O PSB tem quatro parlamentares na lista Dos sanguessugas e o PT, dois ¿ a senadora Serys Slhessarenko (MT) e o deputado João Grandão (MS). O PRB, partido do vice José Alencar, aparece na lista só com um acusado, o deputado Vieira Reis (RJ) porque o Pastor José Divino (RJ) deixou o partido e figura na lista sem legenda. O PSC tem um, o Pastor Amarildo (TO).

Além de Suassuna e Slhessarenko, o terceiro senador da lista é Magno Malta (PL-ES), acusado de receber um carro de um Dos chefes da quadrilha. Malta, Pastor Amarildo e outros 24 deputaDos listaDos pela CPI fazem parte da bancada evangélica. Neste grupo estão, entre outros, Wanderval Santos (PL-SP), que respondeu a processo no escândalo do mensalão; Lino Rossi (PP-MT), primeiro deputado a integrar a máfia das ambulâncias; Cabo Júlio (PMDB-MG), que se reunia com prefeitos em seu gabinete na Câmara, e Edna Macedo (PTB-SP), uma das principais líderes da bancada evangélica na Câmara e irmã do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal.

Do PP, está na lista o ex-líder do partido na Câmara Pedro Henry (MT), também citado pela CPI do Mensalão. Entre os petebistas, o deputado Nilton Capixaba (RO), que segundo os empresários que coordenavam o esquema, recebia dinheiro até para pagar a escola do filho.

Na oposição, PFL tem 4 acusaDos

Entre os acusaDos da oposição, o PFL tem quatro nomes na lista, entre eles a deputada Laura Carneiro (RJ), titular da Comissão Mista de Orçamento. O PSDB, que apareceu nas primeiras listas, não está entre os acusaDos pela CPI porque o deputado Paulo Feijó (RJ) desligou-se do partido depois de ser ameaçado de expulsão.

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), reconheceu que os partiDos mais envolviDos com a máfia das ambulâncias são da base do governo. Mas diz que os mesmos partiDos apoiaram o governo tucano.

¿ Boa parte desses políticos não é da base apenas do governo do PT. Eles também foram importantes para a sustentação do governo do PSDB, durante oito anos ¿ disse Fontana.

O líder do PSDB no Senado, Artur Virgílio (AM), reagiu:

¿ Esses partiDos fizeram sim parte da base governista do meu governo, mas só no governo do PT é que eles se tornaram pessoas de primeira grandeza.

Nesta primeira fase de investigações da CPI, que analisou o envolvimento de deputaDos e senadores com a máfia das ambulâncias, só parlamentares de Goiás, Amazonas, Rio Grande do Norte e Piauí não aparecem entre os acusaDos. No caso do Piauí, a suposta participação do governador Wellington Dias (PT), que teria se encontrado com membros da quadrilha, será analisado na segunda etapa de apuração. O governador nega envolvimento com a máfia.

A lista é encabeçada pelo Rio, com 13 parlamentares denunciaDos, e São Paulo vem em seguida, com nove deputaDos.