Título: as promessas para ensinar a pescar
Autor:
Fonte: O Globo, 12/08/2006, Especial, p. 1

Programa de governo de Lula prevê reajuste do valor do benefício e acompanhamento das famílias mais pobres.

Brasília

Reajustar os benefícios do Bolsa Família será a prioridade número um do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação a seu principal programa de transferência de renda, caso seja reeleito. Outra proposta é integrar o Bolsa Família a outros programas dos três níveis de governo, com o objetivo de criar as chamadas portas de saída, isto é, as condições para que os beneficiários melhorem sua renda e possam deixar de receber a ajuda federal.

O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, no entanto, acha prematuro estabelecer metas fixando o número de famílias aptas a abandonar o programa em 2010, no fim do próximo mandato presidencial.

ass=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; mso-margin-top-alt: auto; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt">o que constitui a dignidade humana é o trabalho. E muitos beneficiários do Bolsa Família trabalham. Mas ainda é cedo ( para fixar metas de saída)- diz ele, lembrando que o Bolsa Família foi lançado em outubro de 2003 e, portanto, não completou nem três anos. Patrus já queria ter concedido o reajuste em março, quando propôs aumentar em 12,7% os valores pagos atualmente a 11,1 milhões de famílias. Desde outubro de 2003, quando foi criado, o programa repassa de R$15 a R$ 95 mensais. O ministério propôs a elevação desses valores para a faixa de R$ 17 a R$ 107, mas o pedidos foi vetado pelo presidente Lula. Em média, o Bolsa Família repassou R$ 61,02 por beneficiário em junho.

No mesmo mês de junho, no fim do prazo permitido pela lei eleitoral por causa do pleito de outubro, o governo correu e cadastrou 1,8 milhões de famílias, antecipando o cumprimento da meta prevista para o fim do ao: 11,1 milhões de famílias.

A secretária de Renda de Cidadania do Ministério, Rosani Cunha, já se reuniu com representantes do Ministério do Planejamento para negociar o aumento no ano que vem. Ela quer garantir o acréscimo de recursos na proposta orçamentária para 2007, que o governo enviará ao Congresso até o fim do mês.

A proposta encaminhada pelo ministério ao Palácio do Planalto em março previa reajuste de 12,7% calculado com base no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), no período de outubro de 2003 e dezembro de 2005. Rosani diz que, para 2007, a idéia é conceder um aumento maior, que reponha também a inflação de 2006. O governo de Lula deverá prever também o acompanhamento individualizado das famílias de extrema vulnerabilidade, ou seja, que vivem na extrema pobreza e têm dificuldade de cumprir as contrapartidas de educação e saúde para receber o benefício.