Título: JURO PARA PESSOA FÍSICA RECUA EM JULHO
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 24/08/2006, Economia, p. 26

Taxa de empréstimos fica em 54,3%, a menor desde 1994

As taxas de juros e os spreads (diferença entre o custo de captação e o cobrado dos clientes) continuam cedendo e batendo recordes, apesar de permanecerem em patamares elevados. Segundo o Banco Central (BC), em julho a taxa média para pessoas físicas recuou 1,5 ponto percentual em relação ao mês anterior, para 54,3% ao ano, a menor da série histórica iniciada em julho de 1994. Para as empresas, a queda foi de 0,5 ponto, para 28,3% ao ano. O spread para pessoas físicas recuou 0,9 ponto, para 39,7 pontos percentuais, também o menor da série, e o de pessoas jurídicas caiu de 13,6 para 13,4 pontos.

- A tendência é que as taxas continuem caindo por causa, em parte, da flexibilização da política monetária - disse o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Luiz Malan.

Desde setembro passado, a Taxa Selic foi reduzida em cinco pontos percentuais, para os atuais 14,75% ao ano. O mercado espera mais um corte na semana que vem, de 0,25 ponto.

O crédito pessoal para consumidores foi o que mais cedeu em julho, de 62,2% para 59,8% ao ano, em média, seguido pelo cheque especial, de 145,1% para 144,1%. Já o CDC para bens duráveis subiu de 57,5% para 59,6% ao ano. Malan classificou o movimento de normal e aposta em reduções daqui para frente.

O volume total de crédito na economia subiu 1,5% no mês passado, para R$668,7 bilhões, o equivalente a 32,6% do PIB, o maior patamar desde maio de 2001, início dessa série histórica. Com mais gente tomando recursos, a inadimplência média (atrasos acima de 90 dias) também aumentou. A de pessoas físicas passou de 7,2% para 7,5%. Na média geral, a alta foi de 0,2 ponto percentual, chegando a 4,8%, contra 4,4% no início do ano.

As micro e pequenas empresas do Brasil não se beneficiaram tanto do avanço do crédito e da redução dos juros no país como as grandes. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que as pequenas usam mais os empréstimos para pagar contas cotidianas e contratam linhas mais curtas e caras: 80,2% recorrem a financiamento para pagar despesas correntes, contra 63,9% das grandes.