Título: ALIMENTOS PUXAM INFLAÇÃO EM AGOSTO
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 24/08/2006, Economia, p. 26

Após 2 meses de deflação, IPCA-15 fica em 0,19%. Combustível também pesou

Após dois meses dando trégua ao bolso do brasileiro, os alimentos pressionaram a inflação em agosto. Com isso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), divulgado ontem pelo IBGE, variou 0,19% ¿ bem acima da taxa de -0,02% de julho. Junho também fora de deflação (-0,15%). No ano, o índice acumula alta de 1,89% e, nos últimos 12 meses, de 3,82%. O centro da meta de inflação do governo para 2006 é 4,5%.

Para o cálculo do índice foram coletados preços entre 14 de julho e 14 de agosto. Vale lembrar que o IPCA-15 de agosto utilizou a nova ponderação do IBGE ¿ que se baseia nos gastos de consumo da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) referente a 2002-2003. Com a nova estrutura, alguns itens, como serviço de telefonia, ganham mais importância; outros, como álcool, menos.

Segundo o IBGE, o grupo de alimentos e bebidas deixou de apresentar resultados negativos: saiu de -0,02% em julho para 0,18% em agosto. Destaque para frutas (11,32%) e arroz (3,80%).

- É um efeito de safra. Trata-se de uma pressão sazonal, vinda, principalmente, de artigos in natura, como hortaliças e frutas. E, até por isso, não compromete as previsões de inflação para o ano. No mês, o IPCA fechado deve atingir 0,20% - disse Solange Srour, economista-chefe da Mellon Global Investments Brasil.

Os combustíveis também contribuíram para a evolução do índice, passando de -1,06% para 0,57%. Houve, em agosto, aumento nos preços de gasolina (0,46%) e álcool (1,87%).

- Os combustíveis, aliás, podem não ser ameaça à inflação. Se o comportamento de preços no mercado externo se mantiver no patamar atual até o fim do ano, pode não se fazer necessário reajuste. Com isso, a previsão de inflação no ano pode cair de 3,73% para 3,55% - comentou Solange.

Vestuário e telefonia ficaram mais baratos em agosto

Os consumidores também compraram artigos mais baratos em agosto. Na apuração do IPCA-15, houve queda de preços em artigos de vestuário (-0,27%) e de limpeza (-0,41%), energia elétrica residencial (-0,55%), telefone fixo (-0,70%) e automóvel usado (-0,88%).

Na avaliação de Solange, a atual inflação permite novas reduções dos juros ¿ hoje em 14,75% ao ano ¿ na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), este mês. A analista acredita numa redução de 0,25 ponto percentual:

¿ Apesar da atual inflação baixa, o Banco Central já sinalizou que vai efetuar cortes com mais parcimônia.