Título: Estudo britânico afirma que guerra ao terror fortaleceu Teerã
Autor:
Fonte: O Globo, 24/08/2006, O Mundo, p. 32
Estudo britânico afirma que guerra ao terror fortaleceu Teerã
LONDRES. A influência iraniana no Oriente Médio aumentou com a chamada guerra ao terror americana, afirma um novo estudo feito em Londres. O informe, elaborado pelos pesquisadores do Instituto Real para Estudos Internacionais, também conhecido como Chatham House, diz: ¿Há poucas dúvidas de que o Irã tem sido o principal beneficiário da guerra ao terror no Oriente Médio. Os Estados Unidos, com o apoio da coalizão, eliminaram dois governos rivais do Irã na região ¿ o Talibã no Afeganistão, em novembro de 2001, e o regime de Saddam Hussein no Iraque, em abril de 2003 ¿ mas fracassaram na tentativa de substituí-los por estruturas políticas coerentes e estáveis.¿
O relatório chamado ¿Irã, seus vizinhos e crises regionais¿ acrescenta que o recente conflito entre Israel e os palestinos na Faixa de Gaza e entre Israel e o Hezbollah no Líbano somaram-se àquela instabilidade.
Americanos precisam reavaliar estratégia
Um dos autores do trabalho, Ali Ansari, especialista em história moderna da Universidade de St. Andrews, disse à Rádio Quatro, da BBC:
¿ Os Estados Unidos precisam dar um passo atrás e reavaliar toda a sua política em relação ao Irã e determinar, em primeiro lugar, o que desejam e como vão obter isso, porque no momento tudo o mais é como colocar gesso sobre uma ferida aberta.
Em seu sumário, o informe diz que o Irã substituiu os Estados Unidos como o país mais influente no Oriente Médio. ¿O Irã é muito importante por razões políticas, econômicas e militares para ser tratado superficialmente por qualquer Estado no Oriente Médio ou na Ásia¿, diz o documento.
O relatório acrescenta que as guerras e a instabilidade em Afeganistão e Iraque ¿fortaleceram o Irã¿, e que ¿a agenda guiada pelos Estados Unidos de confrontar o país está seriamente comprometida pela situação econômica confortável que o Irã tem na região¿.
Capacidade de resistir a pressões do Ocidente
Em relação à aparente tentativa de Teerã de desenvolver armas nucleares, o relatório diz que a importância do Estado na região ¿ajuda a explicar porque ele se sente capaz de resistir à pressão ocidental¿.
¿Enquanto os Estados Unidos e os países europeus lentamente trituram a questão nuclear nos moinhos da Agência Internacional de Energia Atômica e do Conselho de Segurança da ONU, o Irã continua a enganar, sentindo-se confiante na vitória conforme as condições se mostram cada vez mais a seu favor¿, diz.