Título: Conselho propõe crescer 6% ao ano até 2022 e reduzir informalidade
Autor: Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 25/08/2006, O País, p. 4
'Espero que seja usado pelo próximo governo, seja quem for', diz Tarso
BRASÍLIA. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, apresentou ontem documento preparado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) com propostas para o desenvolvimento sustentado do país a longo prazo, propondo meta de crescimento de 6% ao ano até 2022. O texto, batizado de "O desenvolvimento é necessariamente um processo de concertação nacional", reúne um conjunto de propostas que inclui a redução da desigualdade social e da informalidade da economia.
O ministro descartou a conotação eleitoral, ressaltando que o instrumento deve ser usado pelo próximo governo, independentemente de quem vença a eleição:
- Não se trata de um instrumento datado, vinculado a este momento político. Espero que seja usado pelo próximo governo, seja quem for.
Tarso: propostas poderão ampliar base do governo
Segundo Tarso, as propostas contidas no documento poderão ampliar a base política do próximo governo.
- As diretrizes negociadas na sociedade têm que se refletir no governo e no Parlamento. Estão acima das disputas políticas - afirmou, destacando que estão representadas no Conselho várias classes sociais e opções partidárias.
O ministro disse que considera perfeitamente possível atingir a meta de crescimento proposta pelo Conselho, mas destacou o conjunto do documento como um esforço de concertação nacional que deve nortear o próximo governo.
- Não gostaria de referenciar quem vai ser eleito. Seguramente o próximo governo, seja ele quem for, em função desses enunciados que estão aqui, se eles forem acordados efetivamente pelas forças políticas e pela sociedade, será sim de distribuição de renda, crescimento e inclusão social. E isso será consequência desse grande acordo estratégico que tem que ser a base de uma futura reforma política.
Tarso cita exemplos de outros países
Tarso Genro destacou pontos do discurso do presidente Lula, onde ele se coloca à disposição para a construção de um grande entendimento nacional após as eleições, independentemente do resultado.
- A questão da reforma política, a idéia de concertação, a idéia de um grande acordo de crescimento e distribuição de renda no país é passível de ser feita como já ocorreu em outros países - disse Tarso.
Entre todas as propostas do documento, a mais comentada na reunião do CDES foi a meta de crescimento de 6% ao ano, deixando também à mostra as divergências internas do governo quanto à condução da política econômica.
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, considerou este o ponto mais, destacando a necessidade de estabelecer metas para o crescimento econômico do país.
-- Está na hora de o Brasil olhar para frente, positivamente, com o compromisso de metas de crescimento. Os demais fatores devem fazer parte da meta de crescimento, e não o crescimento resultar deles. Está na hora de sairmos dos alicerces, os alicerces já são sólidos o suficiente para o edifício subir. Continuar investindo nos alicerces pode não ser a melhor opção -- disse Furlan.
O ministro do Desenvolvimento estava criticando indiretamente o modelo da atual política econômica que só fixa metas para a inflação e o superávit primário, mas o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, fez outra leitura da fala do colega.
- Entendi que ele estava fazendo um elogio, já que nós conseguimos fazer os alicerces (do crescimento).
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