Título: 'A corrupção no Brasil contaminou os poderes'
Autor: Flávio Freire e Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 25/08/2006, O País, p. 10

Alckmin sobe o tom das críticas contra Lula no programa eleitoral gratuito, que fala em sanguessugas e mensalão

SÃO PAULO e RIO. O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, atacou ontem num debate a corrupção no governo Lula, disse que os poderes estão cada vez mais submissos uns aos outros e que os escândalos de desvio de verba, pagamentos ilegais a parlamentares e superfaturamento em compras públicas afastam da política "o pessoal mais sério". Também no programa da propaganda eleitoral gratuita exibido à noite na TV o tucano subiu o tom contra Lula. Pela primeira vez, as palavras sanguessuga e mensalão apareceram, na voz do locutor. E Alckmin fez referência ao alegado desconhecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dos casos de corrupção.

- O mensalão é uma visão autoritária. Em vez de respeito, é a submissão de um poder ao outro. É fácil bater em deputado, e tem que bater mesmo. Mas deputado é só a correia de transmissão. Todo o dinheiro sai do Executivo, e sempre tem corruptor do lado de fora. A corrupção no Brasil contaminou os poderes e os partidos - disse ele, ontem, durante debate no Instituto Ethos, em São Paulo.

Tucano mostra depoimento com ataque ao presidente

Na TV, ontem à noite, o programa de Alckmin exibiu depoimento de uma psicóloga de Brasília que criticava Lula:

- Um presidente da República não saber o que está acontecendo dentro de seu próprio governo? Fala sério, tenha dó! Se querem um Brasil pior, continuem votando no Lula.

Alckmin aproveitou o mote para falar da saúde:

- Dia desses, o atual presidente disse que a saúde no Brasil está quase perfeita. Eu não acho. Aliás, eu acho que tem que melhorar e melhorar muito. Esse é o tipo de declaração de que não sabe, de quem não viu também na saúde - afirmou.

Ao final do programa, o locutor arrematou:

- Sanguessuga, mensalão? Com Geraldo não tem disso não!

Alckmin critica desinteresse pela política

No debate em São Paulo, Alckmin atribuiu ao mensalão o desinteresse pela política e disse que a política não pode ser um clube de má-fama.

- Hoje é difícil encontrar pessoas sérias que queiram ser candidatas. Acredito que isso pode piorar. No Ceará, por exemplo, o pessoal mais sério desistiu de ser candidato porque se não tem emenda, não tem prefeito e não tem dinheiro para a campanha - disse.

Alckmin se esquivou das críticas à sua campanha:

- Isso é falta de notícia.

Enquanto prepara o programa de governo, o comando do PSDB se debruça há 15 dias sobre um pacote anticorrupção, que seria lançado ontem. Segundo Alckmin, no entanto, o projeto só será lançado depois de acertados detalhes jurídicos.

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