Título: VEDOIN TENTA INCRIMINAR ANTERO, QUE NEGA TUDO
Autor: Valéria Maniero
Fonte: O Globo, 25/08/2006, O País, p. 14

Chefe da máfia dos sanguessugas entrega supostas provas à Justiça contra o tucano

CUIABÁ. O empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos donos da empresa Planam, apresentou anteontem à Justiça Federal de Mato Grosso documentos que, em sua opinião, comprovariam a acusação de que o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) teria envolvimento com a máfia dos sanguessugas.

Em entrevista à revista "Veja" que circulou esta semana, Vedoin relatou que seu pai, Darci Vedoin, negociou R$40 mil com o senador em troca de emendas para a compra de ambulâncias. O dinheiro seria pago por intermédio do deputado federal Lino Rossi (PP-MT). A acusação se referia a uma emenda de bancada no valor de R$4.480.000, apresentada em 2001. Na segunda-feira, as revelações repercutiram na CPI dos Sanguessugas. O presidente da CPI, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) criticou o fato de Vedoin ter feito a acusação tardiamente, sem apresentar documentos, e descartou novo depoimento de Vedoin à CPI.

Candidato ao governo de Mato Grosso, Antero nega e atribui as acusações a seu principal adversário, o governador Blairo Maggi (PPS), que concorre à reeleição. Lino Rossi afirma que não intermediou propina ou repassou valores a Antero.

- Essa acusação é um delírio - disse Antero ontem.

Vedoin apresentou à Justiça Federal ofício do gabinete de Lino Rossi endereçado ao Ministério da Saúde, enumerando os municípios contemplados por cada um dos integrantes da bancada que subscreviam a emenda. Sob o nome de Antero aparecem quatro municípios (Denise, Mirassol D'Oeste, Nossa Senhora do Livramento e São José dos Quatro Marcos) e o valor de R$80 mil à frente deles. Vedoin apresentou ainda fotos das ambulâncias à época em que foram entregues, em junho de 2001.

Na petição, Luiz Antônio relata a reunião que Darci Vedoin afirma ter tido no gabinete do senador, quando teriam acertado 10% sobre o valor a ser pago pelos veículos.

Antero diz que a entrevista de Vedoin é uma tentativa de neutralizar seus ataques ao governador Blairo Maggi, cuja campanha pela reeleição conta com o apoio de cinco acusados de envolvimento na máfia. Antero admite que propôs as quatro emendas para a compra de ambulâncias, mas que as cancelou por conta de um contingenciamento de verbas da União. Ele protocolou representação no Ministério Público Federal pedindo a prisão de Luiz Antônio e Darci Vedoin.

* Especial para O Globo