Título: Servidores vaiam aliados de Sérgio Cabral
Autor: Cássio Bruno
Fonte: O Globo, 25/08/2006, O País, p. 16
Funcionários da saúde não pouparam Rosinha, Garotinho, Cantarino e Oscar Berro em evento da categoria
Aliados do candidato ao governo do Rio pelo PMDB, Sérgio Cabral, foram vaiados ontem durante um debate entre o senador, médicos e servidores públicos da rede estadual de saúde, no Sindicato dos Médicos do Rio, no Centro. A governadora Rosinha, o ex-governador Anthony Garotinho, o secretário estadual de Saúde, Gilson Cantarino, e Oscar Berro, secretário de Saúde de Caxias e um dos coordenadores do programa de governo de Cabral, não foram poupados quando tiveram os nomes citados no encontro.
O constrangimento só não foi maior porque Sérgio Cabral interrompeu o coro dos servidores, que fizeram duras críticas à atual gestão da saúde no estado.
- Vaias não. Quando vem um sindicalista aqui vocês não vaiam - brincou o peemedebista em uma das vezes.
Candidato assinou termo com reivindicações
O primeiro descontentamento foi com Gilson Cantarino depois que o presidente do sindicato, Jorge Darze, chamou a atenção do público lembrando a presença de um representante do secretário no evento. Em outro momento, um servidor enviou pergunta escrita a Cabral para saber se Rosinha, Garotinho e Cantarino teriam cargos em sua administração. Quando os nomes foram falados ao microfone pelo candidato, as vaias surgiram. Já Oscar Berro foi hostilizado quando o peemedebista o citou em seu discurso.
Sérgio Cabral criticou a situação da saúde no estado. O candidato afirmou que, caso seja eleito, os diretores dos hospitais não serão nomeados por indicações políticas.
- Não vai ter politicagem nas direções dos hospitais. Minha política não é essa. As nomeações terão critérios técnicos - prometeu ele.
Frossard passa mal e não participa do evento
O senador assinou um termo de compromisso com o sindicato. Onze reivindicações foram relacionadas. Entre elas, a implantação do plano de cargos, carreiras e salários, a realização de concurso público e a recuperação da rede estadual de saúde.
- O estado gasta com saúde, por ano, R$2,5 bilhões. São gastos com servidores R$450 milhões e, com terceirizados, R$1,3 bilhão. Isso é inaceitável. Eles são verdadeiros bóias-frias - atacou ele, referindo-se ao governo Rosinha.
Jorge Darze afirmou que as reivindicações são inadiáveis. Caso contrário, segundo o presidente do sindicato, a saúde no Rio "pode evoluir para um quadro genocida".
- Precisamos salvar vidas que ainda podem ser salvas. Se continuar nesse rumo, vamos continuar matando gente pobre que tem no SUS a única opção de atendimento - disse Darze.
Denise Frossard, do PPS, esperada para o debate depois de Sérgio Cabral, não compareceu. A assessoria de imprensa da candidata informou que ela teve febre, passou mal e foi medicada em casa.
Frossard, Marcelo Crivella (PRB), Carlos Lupi (PDT), Milton Temer (PSOL) e Eduardo Cunha (PSDB) participarão do evento na próxima quinta-feira, a partir das 13h.