Título: CONSÓRCIO REÚNE SETE METALÚRGICAS
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 27/08/2006, Economia, p. 38
Grupo disputa licitação de obra no valor de US$200 milhões
BRASÍLIA. A criação da Rede Nacional de Cooperação Industrial (Renaci), que reúne as sete maiores empresas de metalurgia do universo da economia solidária, é a evidência de que o segmento da autogestão avança. A Renaci, em um consórcio com siderúrgicas internacionais, participará da licitação para a construção de um terminal de minérios de ferro no Porto de Itaguaí (RJ). O valor da obra dá idéia da maioridade da associação: US$200 milhões.
Caso a Renaci vença a concorrência, o trabalho será em conjunto e cada uma das metalúrgicas será responsável por uma parte específica. A parceria internacional é com empresas tradicionais do setor metalúrgico.
¿ Se necessário, nos associamos sim a empresas tradicionais e de fora do país. Não podemos ser puristas. Temos que fazer negócios ¿ disse Homero Antunes Boucinhas, um dos diretores da Renaci.
Ele batizou a Renaci como uma empresa de terceira geração. E explicou:
¿ A primeira geração são as empresas tradicionais. A segunda, as que foram à falência e foram recuperadas pelos trabalhadores. E a terceira, é essa, a organização dessas empresas numa rede.
Boucinhas afirmou que a união das empresas solidárias em rede permite comprar matéria-prima em grupo e, assim, pagar preço menor, e fazer negócios nos quais todas podem participar.
Entre as empresas que compõem a Renaci está a Uniforja, maior empresa de metalurgia do setor solidário e que se integrou à rede recentemente. Arildo Mota Lopes, que é dirigente da Uniforja e preside a Unisol, disse que a economia solidária permitiu inserir no mercado quem estava fora e sem perspectiva.
¿ A pessoa sai da informalidade e entra na formalidade. O grande mote é a inserção pela cooperativa ¿ disse Arildo Lopes.
O dirigente da Uniforja afirmou que a empresa, além de pagar salários melhores que os de mercado, oferece mais benefícios. Homero Boucinhas disse que esse setor transformou o empregado em trabalhador-empreendedor.
¿ É o modelo em que o trabalhador também é dono, o que aumenta a transparência. Muitas dessas empresas faliram por conta de corrupção e negociatas do único dono que era o proprietário ¿ disse Boucinhas. (Evandro Éboli)