Título: OS PRIMEIROS REFUGIADOS AMBIENTAIS
Autor: Bob Dart e Nicolai Ouroussoff
Fonte: O Globo, 27/08/2006, O Mundo, p. 45

Mais de 300 mil ainda não voltaram para casa

WASHINGTON. Teria o Katrina criado os primeiros refugiados ambientais do mundo? Um ano depois da passagem do furacão, que matou 1,8 mil pessoas e causou prejuízos de US$80 bilhões, Nova Orleans tem a metade de seu antigo tamanho, afirma o Instituto de Políticas para a Terra, baseado na capital americana. Dos que saíram, mais de 200 mil ainda não voltaram. Na cidade de Houston, no Texas, a que mais recebeu retirados de Nova Orleans, vivem ainda cerca de 150 mil refugiados. Se antes a cidade mostrava-se bastante solidária com as vítimas do Katrina, hoje estaria sofrendo de uma ¿fadiga dos deslocados¿. A polícia, por exemplo, já culpou o recebimento dos deslocados pelo aumento de 17% no número de homicídios, nos últimos 12 meses. Quem foi para outras cidades do Texas, e para as de estados como Mississippi, Alabama, Geórgia e da própria Louisiana, também encontra dificuldade em deixar suas novas vidas.

E não é que elas sejam maravilhosas. Segundo uma pesquisa do Instituto Gallup, 59% dos refugiados não encontraram trabalho no Texas, e 41% vivem com menos de US$500 por mês.

A organização Appleseed, autora do relatório ¿Uma tempestade que continua: as dificuldades ainda enfrentadas pelas vítimas do Katrina¿, afirma que a demora na reconstrução de Nova Orleans ¿transferiu um grande peso às cidades para onde os deslocados foram levados¿. O Instituto de Políticas para a Terra estima que 250 mil pessoas nunca mais voltarão por não quererem mais ¿enfrentar o trauma emocional e os riscos financeiros associados às catástrofes climáticas¿.

¿ Essas pessoas são agora refugiados ambientais e vieram dos EUA, exterminando uma crença. Achávamos que os primeiros deslocados viriam de áreas do Pacífico Sul, referidas como as potencialmente mais ameaçadas pelo fenômeno do aquecimento global ¿ acredita Lester Brown, diretor do instituto, que associa o Katrina à elevação da temperatura média do planeta.

Com agências internacionais