Título: SENADO PROCESSA SANGUESSUGAS
Autor: Chico de Gois e Alan Gripp
Fonte: O Globo, 29/08/2006, O País, p. 3

Ney Suassuna, Serys e Magno Malta não podem mais renunciar ao mandato

Opresidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), abriu ontem processo por quebra de decoro parlamentar contra os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT). A partir de agora, os acusados de envolvimento com o esquema de venda superfaturada de ambulâncias não podem mais renunciar e têm cinco sessões para apresentar defesa.

Hoje, a CPI dos Sanguessugas vai notificar o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), o que significa que ele passa a ser oficialmente investigado. Com isso, são quatro os senadores suspeitos de envolvimento com os sanguessugas. Antero é acusado pelo chefe da máfia das ambulâncias, o empresário Luiz Antônio Vedoin, de ter recebido propina de R$40 mil em troca da apresentação de uma emenda ao Orçamento para a compra de ambulâncias.

João Alberto muda relatores dos casos

Vedoin disse ter pago R$40 mil por uma emenda de R$400 mil apresentada por Antero, mas o dinheiro teria sido entregue ao deputado Lino Rossi (PP-MT), à época também tucano. A negociação com Antero, segundo Vedoin, foi feita por seu pai, Darci Vedoin. A denúncia esquentou a disputa no Mato Grosso, onde Antero concorre ao governo contra Blairo Maggi (PPS-MT), que tenta a reeleição. Antero acusou Maggi de patrocinar a declaração de Vedoin.

Ontem, o presidente do Conselho do Senado, que fez mudanças nas relatorias, disse que espera concluir o trabalho até o dia 24.

¿ O ano eleitoral é que está dando esta celeuma toda. Eu estou correndo o mais que posso ¿ afirmou.

O senador Demóstenes Torres (PFL-GO), que fora escolhido inicialmente para relatar o caso de Serys, agora cuidará do processo contra Magno Malta, uma vez que Sibá Machado (PT-AC) desistiu da tarefa. Para relatar o processo de Serys, João Alberto optou por Paulo Octávio (PFL-DF). Inicialmente, a relatoria do caso de Malta caberia ao senador Paulo Octávio (PFL-DF). Porém, de acordo com João Alberto, ele não aceitou.

¿ Partiu de mim a conversa com ele. Foi uma conversa muito íntima porque ele é muito ligado ao Magno Malta ¿ disse João Alberto.

O senador Jefferson Peres (PDT-AM) continuará responsável pelo processo de Suassuna. Ele prevê que até o dia 24, prazo estabelecido por João Alberto, o conselho concluirá.

¿ Depende do número de testemunhas arroladas pelos acusados ¿ afirmou Peres.

Demóstenes disse que, a princípio, estranhou a troca de relatoria, mas declarou que sua forma de trabalhar não mudará.

¿ Eu tinha um plano de trabalho, porque já havia lido o processo da Serys; agora vou ter de me inteirar sobre o processo do Magno Malta.

Demóstenes afirmou que caso seja necessário ouvir Darci e Luiz Antonio Vedoin, pai e filho sócios da Planam, eles terão de depor nos três processos, separadamente.

Apesar de o presidente do Conselho de Ética demonstrar que quer concluir os processos até dia 24, a tarefa não será fácil. De acordo com o Regimento Interno do Senado, depois de votado no Conselho, o resultado vai para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que terá cinco sessões para se pronunciar. O resultado dessa manifestação é encaminhado à Mesa Diretora do Senado em forma de projeto de resolução. Uma vez publicado no ¿Diário Oficial¿, a Mesa marca sessão para a votação da cassação.