Título: ANTES ERA ROUBA MAS FAZ. HOJE, ROUBA MAS É UM DOS NOSSOS¿
Autor:
Fonte: O Globo, 29/08/2006, O País, p. 9

Ele parece confortável na disputa pela Presidência da República, apesar de ter apenas 1% das intenções de voto. Diz que já chegou longe como candidato a presidente e que quer entrar para a História como defensor da educação. Admite não ter muita habilidade política, mas que chamá-lo de inábil pode ser um elogio: ¿Hábeis são os mensaleiros, hábeis são os sanguessugas¿. Ao abrir a série de entrevistas do GLOBO com os principais candidatos a presidente, Cristovam Buarque, do PDT, falou mais de educação, mas bateu forte também na corrupção e no governo Lula, do qual participou como ministro da Educação, antes dos escândalos do mensalão e do valerioduto. Defendeu a proposta de a corrupção ser considerada crime hediondo, porque ¿é uma traição à pátria¿.

¿ Quando um menino bate carteira, é ladrão. Quando um deputado rouba milhões, como os sanguessugas, ele é chamado de corrupto e dizem que ele fez um desvio ¿ disse ele, para quem Lula foi conivente ou omisso com crimes em seu governo.

Cristovam não escondeu a frustração de quem foi integrante, eleitor e militante do PT:

¿ O partido caiu na acomodação diante da corrupção de alguns de seus membros, sobretudo na acomodação pela perda do vigor transformador.

Para ele, este é o maior pecado do PT e de Lula:

¿ Eles me dizem que não dá para fazer mais do que isso. A corrupção é de alguns. O Lula é culpado, porque foi ao redor dele, e ele deveria se explicar diante da opinião pública.

Sobre as pesquisas que mostram favoritismo de Lula, disse:

¿ Estamos vivendo um momento eleitoral em que uma parte da população está com nojo, asco da política. Havia um tempo em que se dizia ¿rouba, mas faz¿. Hoje se diz ¿rouba, mas é dos nossos¿.