Título: GUERRILHEIRO TAMBÉM FAZ GUERRILHA PARA DEFENDER POSIÇÕES¿
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Fonte: O Globo, 29/08/2006, O País, p. 10 e 11

Cristovam diz que defesa da educação é mais importante que vencer: `Tenho possibilidade (de ganhar), podem morrer todos os outros candidatos (risos)¿

A obsessão do candidato do PDT à Presidência, Cristovam Buarque, tem sido a educação. Durante as duas horas e meia em que foi sabatinado pelos colunistas do GLOBO, a palavra foi repetida 56 vezes pelo pedetista. Cristovam reconheceu que sua obstinação em tratar do tema esbarra no desinteresse do eleitorado ¿ desanimado pelos escândalos de corrupção. Também assume a frustração diante do índice de 1% nas pesquisas. Ele toma para si o título de guerrilheiro da educação e afirma que é a favor que o diploma universitário tenha prazo de validade: seja provisório, e revalidado a cada cinco anos. substituído a cada cinco anos, depois de o titular passar por uma reciclagem.

CORRUPÇÃO

ANCELMO GOIS: Essa eleição virou um plebiscito. E as pessoas estão sendo chamadas às urnas para responder se querem ou não o Lula nos próximos quatro anos. O senhor, que conhece o presidente, parece fugir um pouco desse debate. Como, afinal, se posiciona?

CRISTOVAM BUARQUE: A corrupção é a podridão na superfície. Eu estou preocupado com a ferrugem na engrenagem. A sociedade brasileira está enferrujada. Não consegue chegar ao século XXI. A corrupção, além da conivência do presidente Lula, tem causas estruturais. Os mais educados são os menos corruptos. Quando falo da corrupção falo do governo Lula, dos anteriores e dos próximos. Eu não estou escondendo aqui a frustração de quem votou no Lula. A frustração no partido que caiu na acomodação diante da corrupção de alguns de seus membros, mas sobretudo a acomodação pela perda do vigor transformador. A acomodação para mim é o maior pecado do PT e de todos os militantes. A corrupção é um pecado do Lula. O Lula é culpado, porque foi ao redor dele, e ele deveria se explicar. Ele não vai aos debates para não ter que se explicar. Eu não vou ocupar os meus dois minutinhos de TV com isso.

CULTURA

ARTHUR DAPIEVE: O senhor tem falado na revolução pela educação, mas o que pretende fazer para a Cultura?

CRISTOVAM: O grande salto cultural do Brasil começa na escola. Defendo o apoio à Cultura, no exercício dela. O dia em que 40 milhões de meninos forem à escola no Brasil, cineasta não vai ficar pedindo dinheiro a banqueiro para fazer filme, nem vai precisar usar na lei Rouanet. A gente dá subsídios como aspirina. Se a gente acabasse com o analfabetismo, ia faltar jornal para tanto leitor. Eu proponho no Brasil o programa de ingressos a R$1 para cinema e teatro.

COMPARAÇÃO COM GETÚLIO E JK

ARNALDO BLOCH: Na campanha de 2002, foi comum candidatos de várias vertentes e compararem a Getúlio e JK. O presidente Lula também usou esse recurso. No seu programa o senhor fala dos dois ex-presidentes e que falta agora o presidente da Educação. Esse recurso não seria uma aspirina para a falta de vigor transformador?

CRISTOVAM: Eu citei os dois porque o povo não sabe quem é Joaquim Nabuco. Eu queria mesmo era citá-lo. O problema econômico e social provocou um retrocesso tão grande que hoje, em vez de socialista, eu sou um mero abolicionista. Eu dei um passo ideológico atrás. A realidade hoje é de apartheid. Eu queria que pobres e ricos estudassem em escolas equivalentes. A estudante vinha da mais valia, hoje ela vem da mais sabedoria. Não houve candidato algum que se direcionasse para a Educação, salvo Brizola, que não conseguiu se eleger.

COTAS

CHICO CARUSO O senhor é a favor ou contra o sistema de cotas para o acesso às universidades?

CRISTOVAM: Como aspirina, sou favorável. Como solução do problema, não. A grande solução para o problema da desigualdade racial do país é a falta de educação igual para todos. Como os negros são mais pobres, têm escola sem qualidade. A verdadeira fórmula que defendo é 100% dos meninos e meninas terminando a escola com a mesma qualidade. Enquanto isso não acontecer, a gente precisa rapidamente mudar a cor da cara da elite brasileira.Cota não vai trazer redução na qualidade de ensino. Isso aí é uma besteira. Só vai entrar pelas cotas quem passar no vestibular. Sou a favor das cotas como um instrumento provisório, um jeitinho para mudar a cor da elite brasileira.

CIVILIDADE

FERNANDO CALAZANS: Quais o senhor acha que são as causas para essa perda de civilidade do povo brasileiro e como combatê-las?

CRISTOVAM: A educação tem que ser permanente. A cada cinco anos o que aprendemos na faculdade está obsoleto. Por isso defendo que o diploma seja transitório. Para a sua manutenção o requisito é a reciclagem permanente. Em Brasília, eu me orgulho de ter feito a faixa de pedestre funcionar. Esse foi um gesto educacional. Isso eu só consegui graças à mídia. As pessoas diziam que eu ia matar gente. Como ministro, consegui que entrasse no ar a campanha Educa, Brasil, com esse tipo de ensinamento. A gente precisa ter um grande projeto de educação nos costumes. Isso é civismo. Acho que a principal causa é o problema de educação na escola.

PROUNI

ELIO GASPARI: O senhor ficou um ano no Ministério da Educação. Em oito meses, seu sucessor conseguiu a edição da Medida Provisória que criou o ProUni. Por que essa idéia não andou durante a sua gestão?

CRISTOVAM: Comecei esse programa. Nada se faz de um dia para o outro. Além disso eles mudaram. O programa que eu dei entrada lá chamava-se PAE, Programa de Apoio ao Estudante. Ficou engavetado na Casa Civil. É parecido com o Pro-Uni. As corporações, que de fato dominam o governo Lula, inclusive a UNE, pressionaram para que o dinheiro fosse dado sem nenhuma cobrança de volta. Foi a mesma coisa que fizeram ao transformar Bolsa-Escola em Bolsa-Família. Tudo que estava no programa de Educação do Lula, que eu ajudei a fazer, eu assumi para valer. Só que depois disse que não era para fazer, a não ser para atender interesses de grupos. Isso para mim é o maior problema do Brasil atual. O presidente Lula não sente o Brasil inteiro em uma perspectiva histórica. Ele fala para os meninos do Bolsa-Família, do Pro-Uni. Fala para as corporações. Tem muito a ver com a origem sindical dele. Ele vê o Brasil não como um sistema, mas como um quebra-cabeça. Ele vê o Brasil como uma soma de pedaços. Ele não percebe que o país tem uma alma. Ele não sente a alma do Brasil. E acirrou o corporativismo.

FREQÜÊNCIA ESCOLAR

CORA RÓNAI: Como fazer com que as pessoas freqüentem a escola? Como disputar um garoto com o tráfico oferecendo todas as aparentes vantagens?

CRISTOVAM: No projeto Poupança-Escola, lançado por mim, no governo do Distrito Federal, a mãe ganhava todo mês um salário-mínimo se o filho não faltasse às aulas. Se ele passasse de ano, recebia R$100 se o menino passasse ano. Deixo meu reconhecimento à generosidade do Fernando Henrique por ter deixado o nome do projeto (Bolsa-Escola)), batizado por um governador de oposição. Isso é bom, mas não basta. Escola ruim não segura aluno. Escola tem que ser boa, com bons professores, bons equipamentos de computação. Claro que vai haver uma perda para o crime. Aí é a polícia tem que prender os bandidos. Mas não vai ser por falta de oportunidade. Tem menino que não quer ficar na escola. Tem que haver um padrão nacional, por isso defendo a federalização da Educação. Enquanto a educação for municipal ela não vai ser boa no Brasil, porque a desigualdade é muito grande. Falo em federalizar o padrão e a responsabilidade da União, não a gerência. O padrão nacional é salário, educação, edificação, equipamentos e conteúdo. Não é possível que haja 54% das crianças na quarta-série sem saber ler. É preciso que haja uma lei de responsabilidade nacional. Isso tem que vir acompanhado de uma repressão aos bandidos. Colocar o Marcola na escola não vai resolver.

REFORMA TRIBUTÁRIA

FLÁVIA OLIVEIRA: A carga tributária no Brasil vem aumentando desde os anos 90. Atingiu seu índice histórico no governo Lula? O que o senhor pretende fazer para diminuir a carga tributária e fazer quem sonega acertar as contas com o Fisco?

CRISTOVAM: Eu estou propondo a criação de uma polícia especializada em sonegação e fraude. Tem que ter um xerife para corrupção, fraude e sonegação no país. Mas isso não vai para o problema da carga tributária. Nenhum país sobrevive pagando 40% para o estado. Nem os faraós cobravam isso. Tem que dar um basta nisso. Mas não pode ser depressa. É preciso fazer um pacto nesse país entre os três poderes para congelar os gastos nos próximos anos. Se a gente acenar com isso, acena para uma seriedade que levará à redução do déficit. Se fizermos isso, os juros cairão e o déficit cairá mais. Isso não pode demorar mais do três anos. Se demorar, vai explodir na cara dos brasileiros o problema tributário. Só vamos ter uma de duas alternativas: inflação ou ditadura. Nenhuma das duas é desejável.

ELOGIOS A LULA E EDUCAÇÃO

JORGE BASTOS MORENO: Tenho duas perguntas. Por que até três dias antes de o senhor deixar o governo fazia elogios fantásticos ao presidente Lula? Quando o senhor fala na revolução na Educação, por que o não trata da revolução na qualidade de ensino?

CRISTOVAM: Eu só falo em universalização e qualidade. Para isso o professor precisa ganhar bem e ser cobrado. Quando o primeiro e o segundo grau forem bons, o terceiro grau já melhora. Por que o Brasil não tem um prêmio Nobel? Porque foi enterrado como analfabeto. Devem ter morrido cerca de R$70 milhões de analfabetos desde o começo da República no Brasil. A Universidade hoje tem nos seus quadros pessoas escolhidas depois de desprezados mais de dois terços. O Brasil tem craque porque bola é igualzina, mas computador é diferente de lápis. E tem escola de computador e de lápis. Mas é preciso boa avaliação. Eu queria lembrar que eu melhorei os critérios do Provão, que antes avaliava pelo aluno. Depois foi avaliado pelo professor, pela infraestrutura e pelo compromisso social da universidade, criando o índice de desenvolvimento do ensino superior. Agora, sobre a outra pergunta sua: se você ouvisse meu discurso, veria que não mudei meu discurso. A não ser nesse negócio do mensalão, porque eu não sabia. Além disso, o fato de ao longo do tempo o Lula foi se acomodando cada vez mais. Ele mudou. Eu não. Eu acho que às vezes tenho pouca imaginação na política. Eu sempre disse: o PT tem três gerações: a heróica, a reivindicatória e está faltando a propositiva. No dia 4 de janeiro, eu fiz uma carta de mais de vinte páginas para o Gushiken: qual o legado do Lula? Não tem. Eu queria que ele fosse à TV, para falar em cadeia nacional sobre a volta às aulas. Ele não foi. Acho que em relação ao mensalão, houve conivência ou omissão do presidente. Fora isso, mantenho as mesmas críticas e elogios. Não tenho dúvidas de que ele é um dos líderes carismáticos mais fortes que esse país já teve. Mas não sente a alma do Brasil e não percebe a longo prazo. Sem falar na direitização completa do governo e do PT.

PERSPECTIVA DE DERROTA

JOÃO UBALDO RIBEIRO: O senhor se considera com possibilidades concretas de ganhar a eleição? Caso afirmativo, por quê? Caso negativo, por que o senhor está pedindo votos?

CRISTOVAM: Tenho possibilidade. Podem até morrer todos os outros candidatos (risos). Você pode ser candidato sem ser necessariamente para ganhar. Eu sou um guerrilheiro, guerrilheiro não faz guerrilha apenas para ganhar eleição, mas para defender posições. Eu estou erguendo bandeiras que eu herdei. Como eu desejo de todo o coração que nenhum deles morra, a chance de eu vencer é pequena, mesmo que meus assessores me digam que eu não deva fazer isso. Algumas coisas numa campanha a gente não pode perder: o humor, o eixo da proposta, a linha da barriga e a dignidade. Um cara com 1% que vem falar em ganhar perde a dignidade. Eu já sou vitorioso em algumas coisas. Estar aqui com vocês, falando sobre revolução e colocando educação na boca dos outros candidatos já é uma vitória. Não acho que vou ganhar essa eleição eleitoralmente, mas politicamente vou. Além disso, sou o único que já ganhou a eleição, porque no dia 8 de outubro estarei no Senado. É uma vitória sobretudo histórica.

DESÂNIMO DO ELEITORADO

MERVAL PEREIRA: De quem o senhor acha que é a culpa pelo fato de o senhor ter 1% nas pesquisas? Do senhor ou do povo brasileiro?

CRISTOVAM: Acho que em parte é uma dificuldade minha de me comunicar. Mas estamos vivendo um momento eleitoral em que uma parte da população está com nojo, asco da político. Havia um tempo em que se dizia ¿rouba, mas faz¿. Hoje se diz ¿rouba, mas é dos nossos¿. E estou trazendo um discurso que é subversivo no imaginário. Muitos de vocês ainda têm a economia no centro da transformação. Educação não é remédio, é capital. Além disso, acho que hoje quem está contra o que está aí, não está ainda a favor de algo novo. É o momento da indignação, da raiva. O meu discurso vai ser responsável até o fim. O discurso que vai baixar taxa de juros por decreto, como a Heloísa Helena, seduz mais. Sou professor e na minha profissão é mais convencer do que seduzir. E eleição é mais sedução do que convencimento. Não é um bom momento para ser candidato de propostas novas.

INCENTIVOS À ARTE

JOAQUIM FERREIRA DOS SANTOSComo anda sua agenda cultural? Qual a última vez que foi ao cinema, ao teatro? Qual o último livro de leu? A política de incentivos culturais ajuda ou atrapalha a arte nacional?

CRISTOVAM: Não vou a cinema ou teatro há um ano. Um dos livros que estou lendo agora é ¿Educação, pelo amor de Deus¿, de Antônio Ermírio de Moraes. A gente tem que libertar os cineastas do estado. Só tem um jeito: todo mundo ir ao cinema. Eu sou favorável que o estado dê dinheiro aos cineastas, como aspirina, enquanto isso não acontece. Ninguém deve cercear a liberdade dos cineastas. Mas é preciso, ao dar o incentivo, estabelecer temas para os artistas. Não estou falando em censura. A gente define os temas prioritários, mas é preciso liberdade total na linguagem.

MINISTRO X CANDIDATO

MÍRIAM LEITÃO: Se o discurso como candidato está certo, a atuação como ministro deixou a desejar. O senhor não conseguiu, por exemplo, reduzir o analfabetismo. Não conseguiu botar a máquina para funcionar. Como administrar discurso e desempenho?

CRISTOVAM O povo brasileiro começa a entender que você está totalmente equivocada. Eu insisto: tudo que se investir em Educação vai levar quinze anos. Apenas 98% estão matriculados e apenas 18% terminam ensino de qualidade. É o mesmo que dizer que pararam de bater em escravos e que a Lei do Ventre Livre foi um avanço. O Brasil comemora a mediocridade. Que só tem 2% fora da escola. A gente tinha que pedir desculpas ao mundo por ter 2% fora da escola. O Fundeb foi bom, mas foi um paliativo. Começamos a implantar o horário integral em vinte e nove cidades. Mas vai levar dois anos para fazer. Eu defendo mil cidades com horário integral no país. A gente fez pela primeira vez um programa com data para terminar, para a erradicação da alfabetização. A gente agora paga por alfabetizadores, mas por alfabetizado. Eu pensei em todos, inclusive em educação de base. Mas eu não consigo imaginar resolver problemas de alfabetização priorizando os mais jovens. Tem que ser para todos. Alfabetização é um direito humano. Eu tenho trinta e um objetivos no meu computador, perseguindo diariamente. Não tem jeito de pensar em dois ou três. Não fiquei dançando de uma para outra. Sobre o provão, sempre elogiei o fato da avaliação. O provão foi um avanço pela cultura da avaliação, mas não se bastou pela eficiência da avaliação. Aí, apresentei mais três itens. Por que para a Economia a gente pode ter muitos objetivos e para economia tem que ser um ou dois.

LULA OU ALCKMIN

LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO: Se houver segundo turno e o senhor não for uma das opções, qual dos candidatos apoiaria e qual não apoiaria em hipótese alguma?

CRISTOVAM: Se eu não for, não vejo diferença programática em Lula e Alckmin. O partido pode decidir por um ou por outro. E até mesmo liberar a militância. Eu só não defenderei em hipótese alguma o voto nulo. Estou citando apenas os dois. E se for a Heloísa Helena vai dar uma grande confusão.

HABILIDADE POLÍTICA

TEREZA CRUVINEL O senhor já admitiu mais de uma vez falta de habilidade política. Não será a combinação entre falta de imaginação política, a inabilidade e a incoerência que está impedindo a sua candidatura e o conjunto da oposição de decolarem?

CANDIDATO: Se tem alguém que é coerente em relação à responsabilidade fiscal sou eu. Eu sou absolutamente conservador em finanças públicas. É preciso criar demanda. E a gente tem que gastar quando tiver dinheiro. Sou favorável a tirar o menino da calçada e colocar dentro da sala de aula. Mas, se para dar uma cadeira a ele, a inflação volta, eu vou querer que ele fique um tempo no chão. Mas é preciso que ele demande a sala de aula. Às vezes acho que inabilidade na política é um elogio, porque os mensaleiros e sanguessugas são hábeis. A minha coerência, na verdade, me leva a uma certa inabilidade. Eu não me orgulho dos meus fracassos. Mas prefiro o fracasso do que uma inabilidade indesejável.

INCENTIVO À LEITURA

PAULO COELHO: Como modificar a política de incentivo à cultura, dando prioridade a textos e autores, brasileiros e estrangeiros, que conseguem uma linguagem muito mais próxima do pensamento da juventude?

CRISTOVAM: Mais do que prometer, fiz isso durante o tempo de ministro. Criei um programa chamado leitura certa, para traduzir de linguagem simples textos de grandes autores. Peguei os livros que tinham servido de base para as novelas de televisão e também fiz um programa de levar livros na casa das pessoas. Carteiro virou um grande livreiro. Como governador, tinha 530 bibliotecas domésticas. São Paulo tem uma renda per capita equivalente a países ricos e 42% do meninos da quarta série não sabem ler. No Brasil são 54%. O grande problema é a falta de capacidade de ler.

FRUSTRAÇÃO COM ÍNDICES

ARTUR XEXÉO: Não é meio frustrante a um mês da eleições ver que está só com 1% e que talvez nem esta sementinha (da educação) esteja plantada?

CRISTOVAM: Se eu estivesse com 42% devia estar desesperado (risos).

Eu não estou aqui com uma pregação. Quero ser presidente do Brasil. Me sinto absolutamente preparado para ser presidente do Brasil, pelos cargos que ocupei, pelo tempo que me preparei. Agora, reconheço que é frustrante 1%. É frustrante, mas não desanimador. Me sinto absolutamente animado hoje com o meu 1%. Não estou conseguindo convencer as pessoas de que vale a pena investir num projeto que leva 15 anos. É frustrante, mas não é desanimador.

ZUENIR VENTURA: O senhor não acha que a estratégia de priorizar um só tema restringiu sua campanha e prejudicou sua candidatura?

CRISTOVAM: Eu não falo de um só tema. Falo quase que de um só tema porque quase tudo passa por ele. Quando falo de educação, estou falando de paz, para combater a violência. Estou falando de produtividade, para dinamizar a economia, de meio ambiente equilibrado, de lixo na rua não ser jogado, de emprego. Hoje sou uma cara conhecida com uma bandeira reconhecida. Não é que eu quisesse isso. É que o tempo que me deram é muito pouco. Lamentavelmente, o tema que eu trouxe não é o tema que sensibiliza hoje. A constituição era o que sensibilizava naquele momento por causa da ditadura. Mas não vou mudar o tema por razões puramente eleitorais.