Título: `DO PONTO DE VISTA ÉTICO, VIVEMOS UM DESCALABRO¿
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 29/08/2006, O País, p. 13

Alckmin afirma que a corrupção é uma praga que impede o crescimento do país ao afastar os investimentos

SÃO PAULO. O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse ontem que a corrupção no governo é um dos fatores que impedem o crescimento econômico do país nos níveis esperados. Num corpo-a-corpo em Mogi das Cruzes, região metropolitana de São Paulo, Alckmin disse que, sem combater as irregularidades no governo, o país não vai para frente. Depois de dizer que o governo Lula é favorecido pelo cenário internacional, o tucano criticou a forma como a administração federal trata o setor produtivo.

¿ O combate à corrupção tem um lado moral, que é o dos princípios e dos valores, e tem também o lado econômico, que é o que espanta investimento, o crédito, desestimula e cria um clima horrível porque você não tem segurança nas instituições ¿ disse o tucano, que no embate com o governo reforça a artilharia sobre corrupção.

¿ Sobre o ponto de vista ético, vivemos um descalabro. Enquanto a gente não tirar essa praga da corrupção, esse país não vai para frente. Sobre o ponto de vista de gestão, o governo não funciona. É muito imposto para cima sem resultado ¿ disse Alckmin, para quem a tendência de o país não crescer como o esperado fez acender a luz vermelha.

¿Estou paz, amor e trabalho¿, diz o candidato

A defesa da ética será a pauta do almoço que Alckmin tem hoje no Jockey Club de São Paulo. Além de empresários, a direção do PSDB espera caciques do partido, inclusive o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Alckmin tem reclamado que se sente isolado na corrida à Presidência.

No tom ameno habitual, Alckmin reagiu sem alarde quando indagado a respeito do resultado das últimas pesquisas, que indicam a preferência do eleitor a seu principal adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à reeleição.

¿ Olha, se dependesse de pesquisa, o governador de São Paulo seria o Paulo Maluf, e ele nem para o segundo turno foi ¿ disse ele, sobre a sua vitória na eleição para o governo de São Paulo, em 2002, quando as pesquisas apontavam que o tucano estava na lanterninha.

Ao lado apenas de assessores e de militantes que gritavam seu nome à exaustão, Alckmin reagiu com ironia quando indagado se iria começar a bater nos adversários, obedecendo a uma estratégia da direção tucana.

¿ Eu estou paz, amor e trabalho, que é o que o Brasil precisa ¿ respondeu.

Segurança: tucano responsabiliza governo

Nem mesmo o assunto considerado como o calcanhar de Aquiles de sua campanha o tira do sério. Ao falar da crise de segurança pública, Alckmin voltou a transferir a responsabilidade do problema para o governo federal.

¿ As nossas fronteiras estão escancaradas e aí você fica enxugando gelo, combatendo o quarto nível do tráfico de drogas, o pequeno distribuidor, quando tem que combater o tráfico internacional ¿ disse ele.