Título: Lula diz que procurará oposição após a eleição
Autor: Ricardo Galhardo, Flavio Freire e Plínio Teodoro
Fonte: O Globo, 30/08/2006, O País, p. 9

'Não é para fazer aliança, é para discutir projetos importantes para o Brasil', diz presidente; tucanos ironizam

SÃO PAULO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que vai procurar pessoalmente os líderes dos partidos de oposição para tentar garantir melhores condições políticas num possível segundo mandato.

- Ao ser eleito, teremos uma vida nova. Novos deputados, vamos poder estabelecer uma nova relação. Vou construir esta relação pessoalmente com os partidos políticos. Pretendo conversar com todo mundo, com todos os partidos - afirmou Lula.

Segundo o presidente, o objetivo das conversas não será a pactuação de alianças, mas a negociação de uma agenda positiva para o país:

- Não é para fazer aliança, é para a gente discutir os projetos importantes para o Brasil, as coisas em que não pode haver estupidez de alguém querer dizer que é contra porque é projeto do presidente.

Para Lula, passada a eleição os políticos precisam deixar a disputa política de lado e pensar no melhor para o país:

- Minha idéia é conversar com todos os partidos e dizer: "Vamos pensar três quartos de tempo no Brasil e um quarto de tempo na disputa".

Sem preocupação com a relação com o Congresso

O presidente minimizou a possibilidade de contar, num possível segundo mandato, com uma base no Congresso menor do que a atual. Segundo disse, passada a disputa o clima político deve amenizar.

- Não haverá preocupação com a relação com o Congresso. Estamos em ano eleitoral, tem muita gente nervosa, muita gente que trabalhou intensamente para que não tivéssemos condições de disputar a eleição - disse Lula.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou na manhã de ontem que há "pensamentos convergentes e conversas eventuais" entre o PT e o PSDB. Ele negou a existência de um pacto nas eleições, mas ressaltou que um acordo entre os partidos pode ser pensado após as eleições:

- Não acredito que exista um pacto. O que pode existir são pensamentos convergentes, conversas eventuais.

O ministro confirmou que conversou com o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, no domingo.

- Sou amigo dele há muito tempo. Conversamos, mas nada que fosse significativo ou profundo. O importante é deixar canais abertos. Os homens públicos têm a obrigação de manter estes canais abertos para pensar o que é bom e o que é mau para o Brasil.

Serra negou que, na conversa com o ministro, tenha sido abordado um pacto:

- A reunião foi no Palácio dos Bandeirantes. Foi um encontro no dia de homenagem à Federação Israelita. Falamos sobre segurança, mas não sobre pacto nem nada parecido.

Alckmin e FH minimizam possibilidade de pacto

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso minimizaram a possibilidade de um pacto de governabilidade entre PT e PSDB, como estaria sendo proposto pelo Planalto. Para eles, a idéia não passa de manobra eleitoral. Após um almoço de adesão de empresários à campanha tucana, Alckmin desprezou a possibilidade de os dois partidos caminharem juntos na próxima gestão.

- Pacto eles fizeram com os mensaleiros. Um pacto com o que há de pior na política. Tiveram quatro anos para fazer pacto e não fizeram. É conversinha de eleição - ironizou.

Fernando Henrique disse considerar impossível, em época de eleição, fechar um acordo nesse sentido.

- É extemporâneo. Como falar de pacto num momento de disputa eleitoral? É jogo eleitoral. Depois que ganhar a eleição, pode propor o que quiser. Aí vamos ver o que vale a pena - disse.

(*) Do Globo Online

Proposta para segurança repete 2002

Lula prometera construir cinco penitenciárias federais; só construiu uma

SÃO PAULO. O programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a segurança pública repete, na maior parte, propostas apresentadas em 2002 e que nunca saíram do papel. A questão foi incluída entre os seis eixos básicos de um possível segundo mandato de Lula.

No texto do programa de governo lançado ontem em São Paulo, Lula assume "a segurança como direito fundamental da cidadania na sociedade".

"O próximo governo avançará e consolidará sua concepção de segurança pública cidadã articulada pelo Sistema Único de Segurança Pública, tendo como princípios básicos a integração das instituições de segurança pública e a democratização e participação da sociedade e do estado no combate à violência e ao crime", diz o programa.

Tema ganhou importância após ataques em São Paulo

O coordenador do programa de governo, Marco Aurélio Garcia, admitiu que a questão ganhou importância depois dos ataques do crime organizado em São Paulo.

- A garantia de segurança para os brasileiros sempre foi uma questão importante mas evidentemente ganhou dimensão muito forte a partir dos acontecimentos em São Paulo - disse Marco Aurélio.

Resumidas em 48 linhas, as propostas serão detalhadas num caderno a ser apresentado em duas semanas. Entre as propostas estão a construção de presídios de segurança máxima e isolamento dos chefes do crime organizado nas penitenciárias federais.

Isso depende da concordância dos estados. São Paulo, por exemplo, se recusou a transferir criminosos para a cadeia de Catanduvas (PR), a única construída pelo governo federal em três anos e meio. No programa de 2002, Lula prometeu construir cinco penitenciárias federais até o final do mandato.

"Consolidar o Susp para agilizar os fluxos informativos entre instituições e melhor combater a criminalidade", propõe o programa. O Susp era a base de toda a política de segurança proposta em 2002, mas sua implantação é tímida até agora. O texto também contempla a ampliação da Força Nacional de Segurança, um dos principais mecanismos criados na primeira gestão do PT.

Além disso, o programa para segurança pública prevê o tratamento diferenciado dos detentos conforme a gravidade do crime cometido e reforço nos programas de ressocialização, trabalho e educação dos presos.

Lula diz que procurará oposição após a eleição

'Não é para fazer aliança, é para discutir projetos importantes para o Brasil', diz presidente; tucanos ironizam

SÃO PAULO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que vai procurar pessoalmente os líderes dos partidos de oposição para tentar garantir melhores condições políticas num possível segundo mandato.

- Ao ser eleito, teremos uma vida nova. Novos deputados, vamos poder estabelecer uma nova relação. Vou construir esta relação pessoalmente com os partidos políticos. Pretendo conversar com todo mundo, com todos os partidos - afirmou Lula.

Segundo o presidente, o objetivo das conversas não será a pactuação de alianças, mas a negociação de uma agenda positiva para o país:

- Não é para fazer aliança, é para a gente discutir os projetos importantes para o Brasil, as coisas em que não pode haver estupidez de alguém querer dizer que é contra porque é projeto do presidente.

Para Lula, passada a eleição os políticos precisam deixar a disputa política de lado e pensar no melhor para o país:

- Minha idéia é conversar com todos os partidos e dizer: "Vamos pensar três quartos de tempo no Brasil e um quarto de tempo na disputa".

Sem preocupação com a relação com o Congresso

O presidente minimizou a possibilidade de contar, num possível segundo mandato, com uma base no Congresso menor do que a atual. Segundo disse, passada a disputa o clima político deve amenizar.

- Não haverá preocupação com a relação com o Congresso. Estamos em ano eleitoral, tem muita gente nervosa, muita gente que trabalhou intensamente para que não tivéssemos condições de disputar a eleição - disse Lula.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou na manhã de ontem que há "pensamentos convergentes e conversas eventuais" entre o PT e o PSDB. Ele negou a existência de um pacto nas eleições, mas ressaltou que um acordo entre os partidos pode ser pensado após as eleições:

- Não acredito que exista um pacto. O que pode existir são pensamentos convergentes, conversas eventuais.

O ministro confirmou que conversou com o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, no domingo.

- Sou amigo dele há muito tempo. Conversamos, mas nada que fosse significativo ou profundo. O importante é deixar canais abertos. Os homens públicos têm a obrigação de manter estes canais abertos para pensar o que é bom e o que é mau para o Brasil.

Serra negou que, na conversa com o ministro, tenha sido abordado um pacto:

- A reunião foi no Palácio dos Bandeirantes. Foi um encontro no dia de homenagem à Federação Israelita. Falamos sobre segurança, mas não sobre pacto nem nada parecido.

Alckmin e FH minimizam possibilidade de pacto

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso minimizaram a possibilidade de um pacto de governabilidade entre PT e PSDB, como estaria sendo proposto pelo Planalto. Para eles, a idéia não passa de manobra eleitoral. Após um almoço de adesão de empresários à campanha tucana, Alckmin desprezou a possibilidade de os dois partidos caminharem juntos na próxima gestão.

- Pacto eles fizeram com os mensaleiros. Um pacto com o que há de pior na política. Tiveram quatro anos para fazer pacto e não fizeram. É conversinha de eleição - ironizou.

Fernando Henrique disse considerar impossível, em época de eleição, fechar um acordo nesse sentido.

- É extemporâneo. Como falar de pacto num momento de disputa eleitoral? É jogo eleitoral. Depois que ganhar a eleição, pode propor o que quiser. Aí vamos ver o que vale a pena - disse.

(*) Do Globo Online

Thomaz Bastos começa a se despedir

Ministro diz que deixa Justiça em 2007

SÃO PAULO. Em tom de "adeus às armas", o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, iniciou ontem sua despedida do cargo que ocupa há quase quatro anos em discurso no Seminário Internacional de Ciências Criminais, em São Paulo. Em entrevista após o discurso, Thomaz Bastos confirmou sua saída do ministério em 2007, mesmo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja reeleito:

- Gosto muito do Ministério da Justiça. O trabalho foi muito gratificante, muito proveitoso. Lançamos as bases de novas instituições no Brasil, que estão fortes como nunca. Mas quatro anos é o bastante. O Brasil tem uma safra de advogados e juristas brilhante.

Ele fez um balanço de sua atuação no ministério:

- A performance do Ministério da Justiça nestes quatro anos foi uma história de êxito e nossos objetivos foram razoavelmente alcançados.

Ele alfinetou a política de segurança de São Paulo, chefiada pelo secretário Saulo de Castro Abreu Filho, com quem teve rusgas durante os ataques do crime organizado:

- Gostaria de tocar num último assunto fundamental num momento em que vivenciamos aqui em São Paulo uma crise de segurança que nos assusta e nos amedronta, que é a implantação de um sistema único integrado de segurança pública em nosso país.