Título: A AUTO-AJUDA DE GERALDO POR ALCKMIN
Autor:
Fonte: O Globo, 31/08/2006, O País, p. 13

Médico, candidato chega a citar livro de psiquiatra francês que recomenda luz solar contra estresse

Na TV, ele enfatiza o Geraldo para se aproximar do povo. Ontem, falava dele mesmo como Alckmin. Médico, o tucano adotou tom professoral para dar dicas de auto-ajuda à platéia na sabatina do GLOBO. Professor de química orgânica por dez anos, Alckmin enunciou uma lista de dez dicas ¿comprovadas cientificamente¿ para evitar os riscos do estresse, da ansiedade e da depressão, citando o livro de um psiquiatra francês.

¿ Acordar cedo, olhar a luz do sol, fazer ginástica, fazer acupuntura, massagem, carinho, o ser humano precisa de afeto. A questão da luminosidade é importante. Há um cérebro cognitivo e um cérebro que eu não controlo. Esse cérebro emocional ele é afetado pela luminosidade da manhã, que ajuda o cérebro emocional. Não há regra ¿ relatou Alckmin, que tem livros sobre saúde em sua cabeceira.

Cinéfilo, fez até ponta em filme

Alckmin, que tenta virar apenas Geraldo na campanha, também gosta de se divertir lidando com temas áridos. No cinema, revelou, já fez até ponta. Como ele mesmo, então governador de São Paulo. Foi no filme ¿O Prisioneiro da Grade de Ferro¿, de Paulo Sacramento.

¿ Para mim, é um filme extraordinário sobre Carandiru. Até fiz uma pontinha nele, meio sem saber. O filme começa com a implosão, reconstitui e volta. O secretário autorizou. O cineasta entregou uma câmera para os presos e filmou tudo ¿ afirmou Alckmin.

O ex-governador, que se disse um cinéfilo, deu ainda uma dica de filme para o público:

¿ Uma dica que eu vou dar é ¿De passagem¿, de Ricardo Elias. Ele se passa dentro dos trens, em São Paulo. A questão metropolitana para mim é fascinante.

Sua origem não é em grandes metrópoles. O paulista, que chama sua cidade natal, Pindamonhangaba, de Pinda, diz mesmo tem a alma mineira. E o coração dividido entre São Paulo e Rio. A explicação que dá é geográfica. Ao ser perguntado por um leitor sobre o caráter que dará ao governo, normalmente ocupado por paulistas, reagiu:

¿ Eu vou fazer o brasilério, não o paulistério. Eu nasci em São Paulo, na cidade de Pindamonhangaba mas na realidade minha família é mineira. Só meu pai que é de São Paulo. Estamos na mesma Bacia Hidrográfica. O Rio de lá é o Paraíba, o mesmo que corta Campos dos Goytacazes. Metade do meu coração é paulista, metade é fluminense.

Programa de governo será lançado em capítulos

Mesmo incitado, pelos leitores e colunistas, a explicar por que não imprime mais agilidade e até agressividade à campanha, Alckmin manteve seu estilo. Ao responder a uma pergunta da jornalista Míriam Leitão, sobre a conclusão do seu programa de governo, Alckmin pareceu não ter pressa. A 32 dias da eleição, afirmou que seu programa de governo, ainda em fase de conclusão, será apresentado em dez fascículos.

¿ Estamos fechando. Vamos apresentar em fascículos. Até vi o programa do meu adversário. Não existe programa. São apenas livrinhos ¿ afirmou Alckmin, se referindo ao programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apresentado anteontem.

Apelidado já na pré-campanha de picolé de chuchu,o candidato insiste que o eleitor terá tempo, até o dia 3 de outubro, para desenvolver por ele o sentimento que considera essencial para convencer o eleitor a votar nele: a empatia. Para isso, insiste, a TV e o rádio serão fundamentais. Como argumento, o candidato lembra o encantamento que sentiu ao ser reconhecido por uma eleitora do Amazonas, depois de aparecer no horário político do PSDB.

¿ Ela disse: olha, é o Geraldo!

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