Título: JORNAIS POPULARES CONQUISTAM MERCADOS NO PAÍS
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 31/08/2006, O País, p. 17
Sucesso de produto voltado às classes B, C e D, apoiado na estabilidade econômica, dá novo fôlego aos negócios
SÃO PAULO. Sucesso que tem como fundamento a estabilidade da economia brasileira, os jornais populares voltados para as classes sociais B, C e D estão comprovando ser um excelente negócio. A avaliação, feita ontem no 6º Congresso Brasileiro de Jornais pelo consultor Júlio César Sampaio, foi acompanhada por um debate e pela divulgação de dados sobre a implantação de jornais populares nas regiões metropolitanas do Rio e de Porto Alegre.
Os leitores dos jornais populares chegam a 77% da população da Grande Porto Alegre e a 56% dos moradores do Grande Rio, conforme dados do Ipsos Marplan apresentados por Júlio Sampaio. Essa conquista nas duas regiões onde mais se lê jornais no país está ligada, conforme a análise, à complementaridade que o jornal popular proporcionou a empresas que já editavam um jornal.
¿ A complementaridade trouxe um novo perfil de negócio. As empresas que tinham um único título se transformaram em gestoras de um mix de produtos, com a cobertura total do mercado com os jornais considerados premium, que atende às classes A e B, e os populares, para as classes B, C e D ¿ explicou o consultor.
No Rio, a Infoglobo Comunicações, que já tinha O GLOBO, lançou o ¿Extra¿ e o ¿Expresso¿, enquanto a empresa que edita ¿O Dia¿ passou a ter, além do título principal, o ¿Meia Hora¿. No Rio Grande do Sul a RBS, dona do ¿Zero Hora¿, lançou o ¿Diário Gaúcho¿.
¿ Os jornais para as classes B, C, e D têm ainda um grande espaço a ocupar no Brasil. E podem ser importantes agentes de inclusão social. Mais ainda, podem ser um excelente negócio por atuar em um segmento carente de várias coisas, mas ávido para ler, aprender e consumir ¿ disse Júlio Sampaio.
¿Os jornais estão mais vivos e atuantes do que nunca¿
Na primeira palestra de ontem do Congresso de Jornais, aberto na noite de terça-feira em solenidade com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Associação Mundial de Jornais, Timothy Balding, falou sobre as últimas tendências da indústria jornalística. Ele afirmou que os jornais passam atualmente por um bom momento no mundo todo.
¿ Os jornais estão mais vivos e atuantes do que nunca. Prova disso é o aumento da circulação que vem ocorrendo no mundo todo, o lançamento de novos títulos e o excelente desempenho na captação de verbas publicitárias nos últimos anos ¿ disse.
Entre os temas debatidos na tarde ontem, as revistas publicadas por jornais atraíram mais atenção. Participaram do debate executivos que fazem as revistas do GLOBO, ¿A Tribuna¿ de Santos (SP), ¿Correio Braziliense¿, ¿Correio Popular¿ de Campinas (SP) e ¿Folha de S.Paulo¿.
¿ A Revista do GLOBO, que começou a circular em 1º de agosto do ano passado, tem hoje 463 mil exemplares e 85% de seus leitores das classes A e B ¿ explicou o diretor de publicidade da Infoglobo em São Paulo, Oscar Mattos.
Única representante da área editorial no debate, a diretora de revistas da ¿Folha¿, Cleusa Turra, disse que em 15 anos de experiência o jornal avalia que a revista é um produto diferente, com desafios cotidianos:
¿ Revista de jornal não é jornal. Não é a transposição do jornal para um papel mais chique. A revista não está em busca do espírito público do jornal, mas sim do espírito privado. Daí enfrentarmos o desafio, muito difícil, de fazer o que o leitor quer.
Dados apresentados pelo moderador do debate, Geraldo Leite, diretor do Comitê Mercado Anunciante da ANJ, mostram que as quatro revistas de jornais publicadas no Rio atingem 26% da população das classes A e B. Em São Paulo três revistas atingem 10% das mesmas classes.
Com a presença de mais de 600 participantes, recorde na história desses encontros promovidos a cada dois anos pela ANJ, o 6º Congresso está debatendo as principais tendências no mundo nas áreas de conteúdo, circulação, distribuição, tecnologia e publicidade, entre outros temas. Hoje, último dia, serão nove debates.