Título: CORTANDO NA PRÓPRIA CARNE
Autor: Antônio Werneck e Fernanda Pontes
Fonte: O Globo, 31/08/2006, Rio, p. 21

Má conduta de servidores já impôs baixas na PF, na PM e na PRF

A Operação Euterpe, que levou à prisão um quarto dos funcionários do Ibama no Rio, demonstra uma disposição dos órgãos públicos no estado de cortar na própria carne. Em todas as esferas. Recentemente, das 17 pessoas presas pela Polícia Federal no Rio durante a Operação Cerol, oito era policiais federais, seis deles delegados, suspeitos de, em troca de favores, engavetar processos em andamento na Superintendência na Praça Mauá.

No dia 16 deste mês, a própria Polícia Militar comandou a primeira megaoperação contra a máfia dos caça-níqueis, prendendo 15 pessoas, sendo 13 policiais militares, um ex-PM e um policial civil aposentado. Todos supostamente ligados direta ou indiretamente com a máfia dos caça-níqueis. A operação foi uma determinação do juiz da 1ª Vara Criminal de Bangu, Alexandre Abrahão, que decretou a prisão preventiva de 29 indiciados por formação de quadrilha, além ter expedido mandados de busca e apreensão nas casas dos suspeitos.

Em 2001, por decisão da Secretaria de Segurança Pública, cerca de 500 policiais militares do 14ºBPM (Bangu) foram transferidos para outros batalhões suspeitos de envolvimento em crimes.

Mas foi novamente a Polícia Federal, em ação conjunta com a Polícia Rodoviária Federal, que deu o maior golpe contra uma quadrilha que atuava nas duas instituições. A Operação Poeira no Asfalto, desencadeada em novembro de 2004, levou para a cadeia 42 pessoas suspeitas de envolvimento com a máfia dos combustíveis. Entre os capturados estavam 21 policiais rodoviários federais, quatro fiscais de tributos estaduais, três fiscais da Feema, dois policiais civis e um bombeiro, além de empresários e empregados do setor de combustível. Todos do Rio.