Título: MAIORIA ESPERAVA CORTE DE 0,25 PONTO
Autor: Patricia Duarte, Gerson Camarotti e Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 31/08/2006, Economia, p. 27

A decisão do Copom pegou de surpresa boa parte do mercado financeiro. Não havia consenso, mas a maioria dos analistas estimava uma queda de 0,25 ponto percentual na Taxa Selic, especialmente após a ata da última reunião, divulgada no fim de julho. No documento, os membros do Copom afirmaram que poderiam precisar de ¿maior parcimônia¿ para decidir sobre o rumo dos juros. Na ata anterior, a autoridade monetária mencionara apenas ¿parcimônia¿. Para os analistas, a mudança sugeria desaceleração no ritmo de corte dos juros.

O banco Credit Suisse, por exemplo, que estimava um corte de 0,5 ponto percentual em agosto, reduziu as projeções para 0,25 ponto após a divulgação da ata da reunião de julho. Na última semana, porém, revisou sua expectativa de volta para 0,5 ponto, devido à inflação corrente mais baixa e à manutenção dos juros americanos.

Já para o Bradesco, que projetava uma queda de 0,25 ponto, a inflação abaixo do esperado e as projeções de crescimento econômico menor em 2006 aumentaram recentemente a chance de um corte de 0,5 ponto.

¿ Se a inflação continuar numa trajetória de queda, haverá espaço para um corte adicional de 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom ¿ acredita Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse.

Para Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset, a decisão surpreendeu e será preciso ficar atento à ata para avaliar os próximos passos do Copom:

¿ O discurso mudou. Na curta nota publicada após a reunião, o Copom não falou mais em processo de flexibilização da política monetária. Isso pode indicar que o ciclo de redução dos juros chegou ao fim, o que pode ser confirmado ou não na ata.

Ontem, o Banco Central ajudou a segurar a queda do dólar com um leilão de compra e a moeda fechou estável, a R$2,138. A Bolsa subiu 0,03%, influenciada pelo crescimento da economia dos Estados Unidos ¿ que avançou 2,9% no segundo trimestre deste ano, abaixo das expectativas ¿ e pela queda no preço do petróleo no mercado internacional. O risco-Brasil caiu 0,44%, para 224 pontos centesimais.