Título: IRÃ DEVE DIZER NÃO HOJE A CONSELHO DE SEGURANÇA
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Fonte: O Globo, 31/08/2006, O Mundo, p. 34

Sanções ao país vão começar a ser discutidas; Coréia do Norte nega negociar sobre seu programa nuclear

WASHINGTON. Termina hoje o prazo dado pelo Conselho de Segurança da ONU ao Irã para que o país suspenda suas atividades de enriquecimento de urânio e colabore com inspeções internacionais em suas instalações nucleares, sob ameaça de sofrer sanções. Na véspera de o prazo expirar, ontem, os Estados Unidos e seus aliados não demonstravam otimismo em relação à decisão do país.

Um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), previsto para ser divulgado hoje, deve mostrar que o Irã não só não suspenderá o enriquecimento de urânio, como trabalha no enriquecimento de um novo lote, além de continuar dificultando o acesso de inspetores às principais instalações. O documento, cujos pontos principais vazaram ontem, detalharia ainda outros avanços nucleares do país ¿ o que, para diplomatas americanos e europeus, é considerado um ¿ato desafiador¿.

¿ O relatório mostrará o óbvio. Ninguém esperava nada diferente ¿ afirmou um diplomata, que teve acesso ao relatório da AIEA.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Sean McCormack, confirmou a expectativa de que o ¿Irã não aceite os termos do Conselho de Segurança¿, e afirmou que o subsecretário de Estado dos EUA, Nicholas Burns, e autoridades britânicas, francesas, russas, chinesas e alemães se reunirão na semana que vem, na Europa, para discutir os termos das sanções.

As discussões podem levar algum tempo, afirmaram ontem autoridades americanas, principalmente devido a uma resistência da China e da Rússia, países que têm poder de veto no Conselho de Segurança. Estes dois países defendem mais negociações com o Irã, antes de isolá-lo com sanções. Mas EUA e os demais países com poder de veto (França e Grã-Bretanha), mais a Alemanha, que participa das negociações, acreditam que o Irã deve ser contido imediatamente, sob a ameaça de poder desenvolver armas nucleares. O embaixador americano na ONU, John Bolton, salientou ontem que os ¿EUA podem trabalhar fora do Conselho¿, caso as discussões se prolonguem.

O Irã insiste que seu ¿programa nuclear é somente para fins pacíficos, e que o país tem o direito de usá-lo¿, como voltou a declarar, ontem, o presidente Mahmoud Ahmadinejad. O Irã já afirmou que estaria disposto ¿a conversar a sério¿ com os americanos sobre um pacote de incentivos recentemente proposto ao país ¿ mas desde que o cumprimento da resolução não fosse uma precondição.

Para Pyongyang, sanções são `ato de bandidagem¿

A Coréia do Norte, outro detentor de tecnologia nuclear que preocupa os Estados Unidos, reiterou ontem que não voltará a negociar com os americanos, a não ser que o país suspenda as sanções econômicas contra Pyongyang.

¿Se as limitações financeiras continuarem, não haverá trocas, nem a possibilidade delas¿, disse o Ministério das Relações Exteriores do país, num comunicado divulgado pela agência russa Interfax.

Na nota, o governo norte-coreano acusa os EUA de estarem intensificando as sanções, classificadas de ¿um ato de bandidagem¿. As negociações em seis partes, entre as duas Coréias, EUA, China, Rússia e Japão, encontram-se emperradas desde novembro de 2005.

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