Título: ONU CRITICA ISRAEL POR BOMBAS USADAS NO LÍBANO
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 31/08/2006, O Mundo, p. 35

Cem mil artefatos não deflagrados ameaçam civis. Olmert rejeita pedido de Annan para levantar bloqueio

NOVA YORK. Nos últimos três dias antes do cessar-fogo, aviões israelenses despejaram bombas de fragmentação no Líbano, e cem mil delas ainda não explodiram, transformando-se na maior ameaça aos civis que estão voltando agora para casa.

¿ É chocante e imoral que 90% dessas bombas tenham sido jogadas nas últimas 72 horas do conflito, quando já se sabia que haveria uma resolução ¿ disse Jan Egeland, diretor de operações humanitárias da ONU.

Essas bombas já foram achadas em 359 localidades pelas equipes da ONU. Foram jogadas nas casas, fazendas e lojas, estão explodindo e matando todo dia os refugiados no caminho de volta para casa. Embora não seja ilegal, o uso dessas armas é veementemente condenado por entidades de direitos humanos porque coloca em risco a vida de civis durante anos. Segundo a ONU, as bombas jogadas por Israel já estavam com prazo de validade vencido e, por isso, tantas não explodiram.

O inventário da destruição provocada pelos 32 dias de guerra está apenas começando. Segundo o premier libanês, Fouad Siniora, 130 mil casas foram destruídas ou muito danificadas durante a guerra.

Brasil doará US$1 milhão a libaneses e palestinos

Em Jerusalém, o premier de Israel, Ehud Olmert, rejeitou o pedido do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para levantar o bloqueio aéreo e marítimo ao Líbano. Olmert disse ainda que a retirada total das forças israelenses do sul do Líbano só acontecerá quando a trégua estiver completamente implantada.

Forças israelenses mataram quatro palestinos armados e quatro civis, num ataque a milicianos na Cidade de Gaza. Isso elevou para 14 o número de palestinos mortos em 24 horas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

O Brasil participará da conferência de doadores hoje, em Estocolmo, e deverá oferecer US$1 milhão para as reconstruções no Líbano e em territórios palestinos, informou Pedro Motta Pinto, subsecretário de Relações exteriores para África, Oceania e Oriente Médio, segundo a agência de notícias EFE.

¿ Serão US$500 mil para o Líbano, através da ONU, e outro tanto para os palestinos ¿ disse Motta Pinto.