Título: ABSORÇÃO DE CO2 NO MAR ESTÁ MENOR
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Fonte: O Globo, 31/08/2006, O Mundo, p. 36

Novo estudo indica que problema pode contribuir para caos climático

NOVA YORK. O volume de CO2 absorvido por plâncton em grandes áreas do Oceano Pacífico é menor do que o estimado. Cientistas americanos sustentam que as pequenas plantas oceânicas estão absorvendo até 2 bilhões de toneladas a menos porque o seu crescimento está sendo limitado pela falta de ferro. O problema, afirmam especialistas, pode contribuir ainda mais para o aquecimento do planeta.

Os depósitos de ferro fornecem nutrientes para as pequeninas plantas que, por sua vez, absorvem o dióxido de carbono da atmosfera. A descoberta foi publicada no último número da ¿Nature¿.

Estima-se que 50 bilhões de toneladas de dióxido de carbono sejam absorvidas pelos oceanos. Com o problema da falta do ferro, 4% menos CO2 vem sendo tirado da atmosfera.

O plâncton exerce um papel fundamental no ciclo mundial de carbono já que são responsáveis por cerca de 50% da fotossíntese realizada no planeta. Junto com o zooplâncton (pequenos animais), ele forma a base da cadeia alimentar oceânica.

Por meio de imagens de satélite é impossível apontar o problema da falta de ferro, segundo explicou Michael Behrenfeld, da Universidade do Estado de Oregon, principal autor do estudo.

Para realizar a pesquisa, o grupo examinou dados coletados ao longo de 12 anos em praticamente 60 mil quilômetros do Oceano Pacífico. Eles conseguiram estabelecer que partes do oceano estavam sofrendo com a falta de ferro. Há três grandes áreas mapeadas: ao redor da Antártica, logo abaixo do Alasca e uma grande região do Pacífico tropical, nas proximidades do Equador.

O ferro é proveniente de águas mais profundas, mas, sobretudo, é carreado para os oceanos através da poeira levada pelo vento. Tempestades de areia, por exemplo, são grandes fontes de ferro.