Título: EX-REI DA SOJA CHORA COM LULA
Autor: Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 01/09/2006, O País, p. 8

Presidente vistoria a última etapa de projeto de Olacyr

GUARUJÁ (SP). Demonizado por boa parte da esquerda brasileira ¿ especialmente pelos defensores da reforma agrária abrigados no PT ¿ quando ostentava o título de rei da soja, o empresário Olacyr de Moraes chorou ontem no encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi durante a vistoria feita por Lula às obras do Terminal de Granéis do Guarujá (TGG). O terminal é a última etapa de um projeto idealizado por Olacyr na década de 80 e que quase o levou à falência. O plano previa a construção de uma ferrovia que levaria a soja produzida no Mato Grosso ao porto de Santos. Em 1988, Olacyr iniciou a construção da Ferronorte, a primeira ferrovia privada do país. O projeto ficou parado por cinco anos devido à demora dos governos estadual e federal em terminar uma ponte ligando Mato Grosso do Sul a São Paulo.

¿ A ponte deveria ter sido construída em dois anos mas demorou sete. Neste período fui contraindo dívidas que chegaram a US$1 bilhão e para pagar tive que abrir mão de minhas propriedades, do meu banco (Itamaraty) e da Ferronorte. Os fundos de pensão e o BNDES, que investiram no projeto, agora estão ganhando muito dinheiro. Paguei o preço do pioneirismo ¿ desabafou Olacyr, consolado por Lula.

Apesar dos prejuízos, o empresário não saiu de mãos vazias. A Constran, sua construtora, recebeu R$175 milhões para construir os galpões do TGG. O preço total do projeto é de RS$440 milhões dos quais RS$175 foram financiados pelo BNDES.

Depois de pronto, o TGG poderá despachar seis mil toneladas de soja por hora e devolverá ao Porto de Santos o posto de maior exportador de soja do país. Com o projeto, 2.500 caminhões deixarão de circular por dia nas ruas e estradas brasileiras.

Apesar da emoção, Moraes não quis declarar em quem votará.

¿ A Constran tem contratos com o governo federal e também com governo estaduais. Uma declaração de voto causaria constrangimento ¿ justificou. (Ricardo Galhardo)