Título: PROJEÇÕES PARA ESTE ANO RECUAM PARA 3%
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 01/09/2006, Economia, p. 23

Bancos e consultorias revisam estimativas para baixo, e há quem fale em expansão de 2,5%

RIO e SÃO PAULO. Uma onda de revisões para baixo das projeções para o crescimento da economia do país este ano tomou conta ontem de entidades empresariais, consultorias, bancos e instituições de pesquisa. As previsões que giravam em torno de 3,5% e 3,7% recuaram para entre 3% e 3,5%.

Com o fraco desempenho no segundo trimestre, aquém das mais baixas expectativas para o período que oscilaram entre 0,6% e 1,1%, as previsões para o avanço do PIB em 2006, recuaram. Há quem estime avanço de apenas 2,5%. O governo, antes da divulgação dos dados do PIB de ontem, esperava avanço de 4% este ano. Na média, os empresários, que começaram o ano falando em até 4%, agora descartam alta superior a 3%.

¿ Evidentemente, 4% é uma absoluta miragem. Variação de 3,5% é duvidosa. O teto será 3%, com risco de ficar próximo dos 2,5% ¿ disse o diretor da Fiesp, Paulo Francini.

O Unibanco, que esperava que o PIB crescesse 0,8% no segundo trimestre, reviu suas projeções para o ano de 3,5% para 3,2%.

¿ Mesmo prevendo recuperação no segundo semestre, o desempenho para o ano ficará menor. Revisamos nossos números de 3,3% para 3,1% ¿ disse Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora de Valores.

¿ Esse resultado surpreendeu, foi pior do que se esperava ¿ disse Carlos Cintra, economista-chefe do Banco Prosper.

O economista-chefe do Iedi, Edgar Pereira, chamou atenção para o fato de o investimento ter caído 2,2%, depois de dois trimestres consecutivos de alta. Isso, segundo ele, diminui ainda mais as chances de a indústria puxar o PIB geral:

¿ Mesmo para um crescimento de 3,5%, a evolução do segundo semestre teria de se acelerar para níveis que hoje parecem difíceis de serem alcançados.

Pelas contas da Fiesp, para fechar o ano em 2,5%, o PIB teria de crescer pelo menos 2,8% neste semestre em relação ao mesmo período de 2005 ¿ mais do que os 2,2% registrados de janeiro a junho. A Fiesp reduziu sua previsão de 3,5% para entre 2,5% e 3%, e o Ciesp, de 4% para 3%. A CNI, que até o mês passado projetava 3,7%, também avisou que vai rever seus números. O Iedi não tem projeção oficial, mas diz que as condições atuais não permitem alta além de 3% ou 3,5%.

Para os empresários, o baixo desempenho da economia reflete o peso dos juros e a valorização do real frente ao dólar. Francini ironizou declarações recentes do ministro Guido Mantega, de que as empresas teriam de se adequar ao atual patamar do câmbio.

¿ Você pode acostumar o cavalo a não comer. Mas um dia ele pode morrer ¿ disse Francini.

Para Sérgio Sales, da MB Associados, o Brasil perdeu a oportunidade de crescer, aproveitando a forte expansão da economia mundial. Ele projeta crescimento de 3% este ano.

BRASIL FICA ABAIXO DOS EMERGENTES, na página 24