Título: Expansão da economia brasileira fica abaixo de todos os países emergentes
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 01/09/2006, Economia, p. 24

Especialistas atribuem mau desempenho à falta de reformas estruturais

O fraco desempenho da economia brasileira no segundo trimestre deixou o país no fim da fila dos países emergentes. O crescimento, tanto na comparação com o primeiro trimestre (0,5%) quanto frente ao ano passado (1,2%), põe o Brasil na última posição. Até mesmo em relação a economias maduras como a alemã e a inglesa o Brasil fica atrás. No segundo trimestre, a economia alemã cresceu 0,9% frente ao primeiro trimestre, enquanto a inglesa avançou 0,8%. O ranking, montado pela Uptrend Consultoria Econômica, traz a China na liderança, com alta de 10,9% no trimestre.

¿ Enquanto o Brasil não fizer reformas estruturais, ficará sempre atrás de outras economias que conseguem atrair investimento estrangeiro direto. O interesse no Brasil é voltado para as aplicações financeiras, diante das altas taxas de juros pagas no país ¿ disse Jason Freitas Vieira, economista-chefe da Uptrend.

Expansão no trimestre maior que a projeção para o ano

Na lista montada por Vieira, usando dados dos bancos centrais dos países, Índia e Hong Kong aparecem disputando a segunda posição. Ambos cresceram mais no trimestre que as projeções mais otimistas do governo brasileiro para este ano: a Índia cresceu 5,5%, enquanto Hong Kong teve expansão de 5,2%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a dizer que o Brasil deve crescer 4,5%.

Entre os emergentes, o país com desempenho mais próximo ao do Brasil é a Coréia do Sul. A economia avançou 0,8% frente ao primeiro trimestre. Mas a proximidade pára aí. Quando se olha os números da Coréia frente ao mesmo período de 2005, a distância se instala. O país asiático cresceu 5,3% contra a taxa brasileira de 1,2% na mesma comparação:

¿ O país precisa reduzir o gasto público e os juros, investir pesadamente em educação e infra-estrutura, além de fazer as reformas trabalhista, previdenciária e tributária. Sem isso, o Brasil continuará a mostrar esse crescimento inexpressivo ¿ diz Vieira.

Entre os países desenvolvidos, os EUA são o destaque, com alta de 2,9% no segundo trimestre, frente ao primeiro trimestre. A França segue atrás, com crescimento de 1,2%.