Título: TRABALHO INFANTIL NA ÁSIA CONTINUA ALTO
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Fonte: O Globo, 01/09/2006, Economia, p. 29
Segundo OIT, região responde por 64% das crianças que trabalham no mundo
BUSAN, Coréia do Sul. Na Ásia, o número de crianças que trabalham recuou em 5 milhões desde 2000, informou ontem a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A má notícia é que, mesmo com essa queda, o patamar está em 122 milhões, ou 64% dos trabalhadores infantis de todo o mundo. Para efeito de comparação, isso equivale a pouco menos da população do Japão.
Segundo a OIT, um dos principais problemas é o fato de haver muitas pessoas que, apesar de quererem manter os filhos na escola, não podem arcar com os custos da educação ou abrir mão da renda suplementar. Nesse cenário, muitas famílias fazem as crianças trabalharem, seja em campos, fábricas, vendendo bugigangas nas ruas e até em minas.
¿ O problema é que a redução na Ásia não é tão rápida quanto deveria ser ¿ disse Panudda Boonpala, especialista sênior em trabalho infantil da OIT, durante seminário do órgão na Coréia do Sul. ¿ Um grande número de trabalhadores pobres significa que teremos um grande número de pessoas que não podem bancar a educação de seus filhos.
A Ásia tem uma necessidade extrema de emprego. O diretor-geral da OIT, Juan Somavía, disse na terça-feira que apenas para acompanhar o crescimento do mão-de-obra, será preciso criar 250 milhões de vagas até 2015.
O seminário, com o tema ¿Fazendo um trabalho decente¿, discute esta semana temas como trabalho de jovens e crianças, migração, globalização, competitividade e produtividade. Na sessão de ontem, foi mostrado um vídeo com crianças trabalhando em uma mina na Mongólia.
A situação mais grave na região é a do Nepal, onde, segundo dados da OIT de 2004, 40% das crianças entre 10 e 14 anos trabalham, inclusive em minas e pedreiras. Nos anos 90, esse percentual chegou a 50%.
¿ Acho que há dez anos havia muita negação ¿ afirmou Panudda, acrescentando que, para haver mais avanços, os países asiáticos têm de se esforçar mais e investir mais recursos.
A OIT luta para, nos próximos dez anos, acabar com as formas mais graves de trabalho e exploração infantil, como prostituição, tráfico de drogas, participação em conflitos armados e manejo de materiais tóxicos.