Título: LULA E MANTEGA APOSTAM EM 4%
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 02/09/2006, Economia, p. 41

Tem que parar de torcer para as coisas darem errado¿, diz presidente

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ¿ que na quinta-feira preferiu o silêncio após a divulgação da forte desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas geradas pelo país) ¿ disse ontem que o governo mantém a meta de crescimento econômico de 4% em 2006, apesar de o avanço ter sido de apenas 0,5% no segundo trimestre. Lula aproveitou para mandar um recado à oposição e aos economistas, afirmando que é preciso ¿parar de ficar torcendo para as coisas darem errado¿.

¿ Vi muita gente assustada por causa do segundo trimestre, sendo que ainda faltam dois trimestres. As pessoas, no Brasil, precisam parar de ficar torcendo para as coisas darem errado. Na verdade, temos convicção de que chegaremos à meta dos 4% a que nos propusemos chegar ¿ disse Lula, que participou do lançamento de carros da Fiat.

O presidente também se esforçou para tentar mostrar que o governo não estava surpreso com o fraco desempenho da economia:

¿ Tive a oportunidade de ver as informações do IBGE, e elas estão dentro daquilo que prevíamos ¿ justificou. ¿ Estou muito tranqüilo com as perspectivas do crescimento da produção industrial, com o crescimento da indústria automobilística ¿ disse Lula, citando as pesquisas da Fiat como exemplo de que a economia está indo bem.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem durante reunião ministerial do Mercosul, no Rio, que a previsão de 4% é possível. Ele projeta expansão de 1,3% no terceiro e no quarto trimestre (frente aos períodos imediatamente anteriores), o que acumularia alta próxima de 6% no semestre:

¿ Chegaremos aos 4% este ano. No primeiro semestre de 2004, projetava-se crescimento de 3,5% (naquele ano, o avanço foi de 4,9%). Aumentou a venda de automóveis, o consumo de energia elétrica e de papel ondulado. São indicadores que mostram que a economia está aquecida no terceiro trimestre.

Ele citou fatores isolados, já listados anteontem, como a greve da Receita Federal, a Copa do Mundo e as paradas nas plataformas da Petrobras como os causadores do recuo no crescimento do PIB no segundo trimestre.