Título: VENDA DE SOJA E PREÇOS DE PETRÓLEO E FERRO DEVEM IMPULSIONAR EXPORTAÇÕES
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 02/09/2006, Economia, p. 41

Associação de Comércio Exterior projeta recuperação neste trimestre

SÃO PAULO. Depois de ajudar a frear a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas produzidas pelo país) entre abril e junho, o desempenho das exportações deve melhorar neste trimestre. A previsão é do vice-presidente presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, que vê uma conjunção de fatores para a recuperação das vendas externas. As exportações no trimestre já acumulam saldo de US$24,9 bilhões (soma de julho e agosto), ante US$31,5 bilhões no segundo trimestre.

¿ Os volumes deste trimestre são claramente superiores aos do anterior ¿ disse Castro.

Por trás do desempenho das vendas externas há três fatores, além do fim da greve dos auditores da Receita Federal: a manutenção da alta nos preços do petróleo; o reajuste de 19% nos preços do minério do ferro; e o fato de julho e agosto marcarem o pico dos embarques de soja.

Pacote não terá efeito sobre o câmbio, diz exportador

Mas isso não resolve a perda de competitividade e rentabilidade dos exportadores causada pelo real valorizado. Em relatório, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) diz que o fôlego das exportações em julho e agosto decorre ¿das condições externas, tão excepcionais quanto passageiras¿.

Castro, da AEB, confirma que a alta dos preços internacionais têm compensado a queda dos volumes embarcados de alguns produtos manufaturados. Em outros setores, como o de calçados, têxteis, móveis e de confecções, nem os preços resolveram.

O problema é que não há perspectiva à vista para a correção da taxa de câmbio. Para os exportadores, o pacote cambial baixado pelo governo em agosto foi muito bem-vindo, mas não terá qualquer efeito sobre a cotação do dólar.

¿ As medidas não alteram a competitividade, mas a rentabilidade dos exportadores aumenta um pouco ¿ diz Castro, acrescentando que 1.121 empresas pararam de exportar entre janeiro e julho.

A AEB calcula em R$0,04 a redução de custos com o pacote, pouco para a taxa de câmbio que hoje estaria defasada em R$0,50.

¿ Não há economia no mundo com o câmbio fora do lugar que sobreviva por muito tempo ¿ disse o diretor de Relações Internacionais da Fiesp, Roberto Gianetti da Fonseca.