Título: CABOS ELEITORAIS DE LULA NA ECONOMIA E NO SOCIAL
Autor:
Fonte: O Globo, 03/09/2006, O País, p. 8

Ações de Henrique Meirelles no BC e Patrus Ananias no Bolsa Família ajudam a impulsionar a campanha pela reeleição

BRASÍLIA. Duas ações de governo, lideradas por um ministro da área econômica e outro da social, são os principais alicerces dos números que o candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, vem ostentando nas pesquisas. Henrique Meirelles (Banco Central) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) foram do inferno ao céu no governo Lula. Tiveram um pé fora da gestão petista. Mas os mais baixos índices de inflação já vistos no país, conquistados em boa parte pela política monetária rígida do BC, e a amplitude atingida pelo Bolsa Família (que hoje chega a 11,1 milhões de famílias) elevaram Meirelles e Patrus, quase por acidente, à posição de maiores cabos eleitorais de Lula. Isso sem nunca terem feito parte dos núcleos estratégicos que transitaram pelo Planalto.

No trabalho dos dois está parte da explicação para os 48% de intenções de voto na reeleição de Lula e os 58% de aprovação do governo, segundo pesquisa Ibope divulgada pela Rede Globo na sexta-feira. O eleitor está diante de um confronto. De um lado, escândalos de corrupção envolvendo o primeiro escalão do governo e do PT. Do outro, a transferência direta de recursos para milhões de brasileiros e a sensação generalizada de que os preços estão controlados.

Ex-tucano, Meirelles foi alvo de ataques devido à política de juros altos, que lhe rendeu a posição de inimigo número um do setor produtivo e de integrantes do governo ¿ são históricas as críticas do ex-presidente do BNDES Carlos Lessa e dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Mas, tendo assumido o BC com a inflação em 12,53%, vai entregá-la em 3,68% (estimativa do mercado financeiro). Ou seja: menos de um terço do que herdou.

A Patrus coube transformar a obsessão de Lula de decretar a fome zero no país num programa efetivo de transferência de renda. Depois de ações desastradas no primeiro ano de governo, Patrus foi convocado, em janeiro de 2004. Não se tornou o superministro da área social, mas consolidou o Bolsa Família.