Título: LADRÕES RECUSAM ACORDO PARA DELAÇÃO PREMIADA NO RS
Autor: Paulo Yafusso
Fonte: O Globo, 05/09/2006, O País, p. 3

Segundo delegado, eles têm medo de morrer

PORTO ALEGRE. A Polícia Federal identificou ontem todo o percurso do túnel construído pelos criminosos em Porto Alegre para assaltar os cofres das agências centrais do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) e Caixa Econômica Federal e reforçou as suspeitas de que houve colaboradores nesses bancos. Os 26 presos da facção criminosa ¿ que em maio ordenou ataques em São Paulo ¿ já foram interrogados na capital gaúcha, mas nenhum quis dar maiores detalhes do plano nem identificar os informantes. Houve oferta de delação premiada a todos, mas nenhum quis colaborar.

¿ Eles não aceitaram, têm medo de morrer ¿ disse o delegado de Combate ao Crime Organizado, Ildo Gasparetto, enquanto acompanhava funcionários do Departamento Municipal de Águas e Esgoto de Porto Alegre abrirem um buraco no fim do túnel, no meio de uma garagem do Banco do Brasil.

O BB não era o alvo, mas um ponto estratégico para alcançar o Banrisul e a CEF e para facilitar a fuga após o assalto. Segundo os peritos, os bandidos tinham conhecimento detalhado da geografia do local e de como chegar aos cofres no Banrisul e na CEF, ambos subterrâneos. Segundo Gasparetto, os bandidos informaram que o objetivo era saquear mais de R$200 milhões nos dois bancos.

Segundo os peritos da PF, a altura do buraco chegava a 1,70m, com largura de cerca de 70cm, dois a três metros abaixo do nível do solo. Em vez de seguir em linha reta como se imaginava, foi feito um desvio para escapar de uma subestação de energia elétrica e contornar uma palmeira. O túnel seguiu em diagonal até a garagem do BB. Dali, por outro ramal que ainda não havia sido iniciado, chegariam até a CEF. Gasparetto disse que as direções do Banrisul e da agência central da CEF informaram que as duas instituições abriram sindicâncias internas para apurar eventual vazamento de informações para os bandidos.