Título: ACORDO PÕE FIM DO VOTO SECRETO NA PAUTA DE HOJE
Autor: Maria Lima
Fonte: O Globo, 05/09/2006, O País, p. 5

Aldo Rebelo e líderes dos partidos se comprometem a votar a emenda; sanguessugas querem esvaziar o plenário

BRASÍLIA. Com a proximidade das eleições e o medo das urnas, os deputados lotaram ontem o plenário da Câmara e começaram a limpar a pauta, trancada por medidas provisórias. O presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), fez um acordo com os líderes de todos os partidos e se comprometeu a pôr em votação hoje a proposta de emenda constitucional que acaba com o voto secreto na votação dos processos de cassação de mandato de parlamentar.

Sob sigilo, os deputados absolveram a absoluta maioria dos 19 deputados representados ano passado por envolvimento no escândalo do mensalão.

Ontem à noite, animado com o quórum de mais de 300 deputados, o presidente da Casa esperava votar as 20 MPs que trancavam a pauta, e ainda tentaria concluir a aprovação da Timemania, loteria criada pelo governo para que os clubes saldem suas dívidas com a União. Estava na pauta também o projeto da Lei Geral das Pequenas e Microempresas. Às 22h, já tinham sido votadas 14 MPs.

No plenário, para desespero dos poucos sanguessugas presentes, Aldo e outros parlamentares apelaram para que os líderes garantam hoje quórum para a votação de emenda constitucional. São necessários 308 votos para a aprová-la e um quórum seguro para esse tipo de votação é de ao menos 400 presentes. Os líderes admitem, porém, que há um movimento dos envolvidos em escândalos para esvaziar o esforço concentrado.

¿ É importante que cada líder se comprometa a trazer suas bancadas para a aprovação do voto aberto. Se não, será mais um vexame para a Câmara, e não podemos suportar mais um vexame nesta legislatura ¿ disse Chico Alencar (PSOL-RJ).

Minutos antes o deputado Cabo Júlio (PMDB-MG), um dos sanguessugas processados pelo Conselho de Ética, protestou, no microfone, contra o acordo de líderes.

¿ Os líderes estão fazendo acordos passando por cima da Casa. Que me conste, o PMDB não reuniu sua bancada para discutir esse assunto.

Acordo também para apressar 2º turno da votação

Se a PEC for votada hoje em primeiro turno, pode haver acordo para a quebra do intervalo de cinco sessões antes do segundo turno.

¿ Não posso acreditar que alguém, em sã consciência, esteja querendo obstruir as votações ¿ disse Aldo antes da reunião, confiante que a Câmara conseguirá romper a barreira das MPs e votar algum projeto.

Para ajudar a destrancar a pauta e permitir a votação da PEC, foi feito um acordo para votar as 20 MPs em bloco. E o governo aceitou também retirar a urgência constitucional de outros cinco projetos que seriam votados depois das MPs. Na reunião de líderes, não houve acordo, entretanto, em relação ao teor da PEC do voto aberto.

Puxados por Aldo, os governistas defenderam na reunião que a Câmara acabasse com o voto secreto para tudo, inclusive para a eleição da Mesa e apreciação de vetos presidenciais. Mas PFL, PSDB e parte do PPS só aceitam o fim do voto secreto para a votação de questões disciplinares.