Título: EM GOIÁS, ALCKMIN REFORÇA OS ATAQUES A LULA
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 05/09/2006, O País, p. 9

Ao lado do ex-governador Marconi Perillo, tucano se entusiasma e cobra promessas de campanha do adversário

GOIÂNIA. No maior evento popular de sua campanha até agora, que culminou com uma caminhada que praticamente parou o centro da capital goiana, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, engrossou ontem o ataque ao governo Lula. Na mesma linha dos seus últimos programas de TV veiculados no horário eleitoral gratuito, o tucano citou as promessas não cumpridas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como a criação de dez milhões de empregos; falou dos resultados negativos registrados na área econômica nos últimos dias e prometeu varrer a corrupção do país.

¿ A primeira coisa a fazer é passar a vassoura e varrer a corrupção, essa praga. O Brasil não vai crescer se não extirpar essa praga da corrupção e da ineficiência ¿ disse Alckmin em discurso no Centro de Convenções de Goiânia.

Marconi Perillo lembrou que alertara Lula do mensalão

Um dos incentivadores do discurso de Alckmin foi o tucano Marconi Perillo, ex-governador de Goiás, que apontou sua artilharia contra o governo e disse que o presidente Lula foi alertado por ele da existência do mensalão. Alckmin condenou os desvios éticos do PT e fez uma análise crítica da economia brasileira. Ele considerou uma vergonha o fato de o país só ter conseguido crescer no ano passado mais do que o Haiti, entre os países da América Latina. E lamentou que, no último trimestre, o crescimento tenha sido de apenas 0,5% do PIB.

¿ O Brasil que queremos, não é o Brasil do PT, que prometeu 10 milhões de empregos e não criou nada. Criou foi desemprego na agricultura e que agora começa a afetar a indústria, o comércio e o setor de serviços ¿ disse Alckmin.

Entusiasmado com a calorosa recepção obtida primeiro em Jataí, município agrícola onde passou em carreata promovida pelos tucanos, e depois em Goiânia, Alckmin rebateu as previsões mais pessimistas de que a eleição pode ser definida no primeiro turno em favor de Lula.

¿ Às vezes tem alguns companheiros da imprensa de pouca fé. Esse povo da pouca fé, hoje (ontem) fez o tira-teima aqui em Goiás. Em Jataí e aqui em Goiânia, tivemos a prova de que o Brasil vai mudar. A campanha agora é que está começando, agora que o debate começa em casa, na escola, na fábrica, com a família e os amigos. Agora que o voto começa a ser definido.

Os tucanos e os apoiadores de Alckmin estimaram que 10 mil pessoas participaram da passeata no centro de Goiânia. Para Alckmin, o Brasil cansou de discursos, da mentira e agora quer ver resultados:

¿ O Brasil pode acabar com a pasmaceira do PT. O Lula fica só nas nuvens de Aerolula, passeando. Vamos pôr o pé no barro, na poeira e tratar de trabalhar. O povo está cansado de bla-bla-blá, de discurso. Quer governo que não roube, não deixe roubar, governo que respeite o povo e que diga a verdade para as pessoas. Chega de mentira política. Goiás, como o Brasil, não aceita enganação. Enganador, não!

Tucanos dizem que campanha ganhou fôlego

Mostrando engajamento na campanha de Alckmin, Perillo citou as principais obras deixadas pelo candidato tucano durante seu governo em São Paulo, assim como os avanços econômicos produzidos pelo Plano Real no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Perillo cobrou do PT a paternidade de programas sociais como o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e o Bolsa Família. Ao se despedir de Alckmin, que seguiu ontem à noite para São Paulo, o ex-governador de Goiás disse estar convencido de que a campanha ganhará novo fôlego.

¿ Goiás é pé quente. Pode confiar ¿ afirmou Perillo.

Ao ser questionado se esperava de outros aliados o mesmo comportamento, Alckmin brincou:

¿ Vou mandar uma foto dos eventos de hoje para o Aécio Neves (governador de Minas Gerais).