Título: JUSTIÇA QUEBRA O SIGILO TELEFÔNICO DE ANTONIO PALOCCI
Autor: Ana Paula de Carvalho
Fonte: O Globo, 06/09/2006, O País, p. 10

Ex-ministro diz que medida provará sua inocência

BRASÍLIA E RIBEIRÃO PRETO. A Justiça Federal determinou a quebra do sigilo telefônico da casa onde o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci morou até sair do governo. O ex-ministro é acusado de comandar a operação que resultou na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. A quebra do sigilo, determinada na semana passada, compreende o período da invasão da conta bancária de Francenildo na Caixa Econômica Federal, que teria ocorrido no dia 17 de março deste ano. O acesso à lista de ligações da casa de Palocci foi solicitado pelo procurador da República Gustavo Velloso.

Para a PF e o Ministério Público, as informações sobre as ligações telefônicas de Palocci deverão amparar as acusações que já pesam contra o ministro. Em relatório encaminhado à Justiça Federal, o delegado Rodrigo Carneiro Gomes já indiciou Palocci por quebra de sigilo funcional e bancário, prevaricação e denunciação caluniosa. No mesmo inquérito, o ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso foi acusado por quebra de sigilo bancário e funcional. O jornalista Marcelo Netto, ex-assessor de Palocci, também responde por quebra de sigilo bancário.

Em depoimento prestado à PF na última segunda-feira, o senador Tião Viana (PT-AC) negou envolvimento com o caso. A PF chamou Viana para depor porque o senador teria avisado Palocci sobre uma suposta movimentação financeira ilegal do caseiro.

Um extrato da movimentação bancária de Francenildo foi divulgado no site da revista "Época" no dia 18 de março. O extrato teria sido emitido no dia anterior por servidores da Caixa, a pedido de Jorge Mattoso. Depois da emissão do extrato, Mattoso se reuniu com Palocci, na casa do ex-ministro, no Lago Sul. Marcelo Netto teria acompanhado a reunião. Para a PF, no dia seguinte, o extrato foi vazado para a "Época".

Ex-ministro diz que está satisfeito com a medida

O advogado de Palocci, José Roberto Batocchio, declarou ontem que o seu cliente está satisfeito com a quebra do seu sigilo telefônico, pois entende que, desta forma, poderá provar que não teve relação alguma com a quebra de sigilo do caseiro.

- Vai ficar provado que a acusação foi monstruosa e falsa - disse Batocchio.

Segundo ele, vários acontecimentos já provaram que Palocci é inocente. Ele teme, no entanto, que a quebra do sigilo acabe por revelar alguns segredos do Estado.

- Quebraram o sigilo telefônico da residência oficial. Esta é a única preocupação que temos.

* Especial para O GLOBO