Título: ASSESSOR DE REQUIÃO É PRESO POR ESCUTA ILEGAL
Autor: Ana Paula de Carvalho
Fonte: O Globo, 06/09/2006, O País, p. 10

Quadrilha acusada de fazer interceptação clandestina de ligações telefônicas também tinha armas e munição

CURITIBA. A Promotoria de Investigação Criminal de Curitiba (PIC) desarticulou ontem uma quadrilha que fazia interceptação clandestina de ligações telefônicas. Na operação, foram presas seis pessoas, entre elas o policial civil Délcio Augusto Rasera, que trabalhava no governo do Paraná como assessor do governador Roberto Requião (PMDB), que se licenciou do cargo para disputar a reeleição. Além do material de escuta ilegal, no escritório de Rasera foram encontradas armas e munição.

O policial ocupava cargo na Casa Civil e há indícios de que as escutas teriam como vítimas empresários e autoridades, inclusive membros do próprio Ministério Público Estadual. A assessoria de imprensa do governador negou qualquer envolvimento do governo do Paraná com o caso. A Casa Civil informou que o policial foi afastado ontem mesmo do cargo que exercia.

Também foram presos Deni Mateus dos Santos, Doroti Mateus dos Santos, Laércio José Licheski, Isaque Pereira da Silva, Mauro Fabrin e Juraci Pereira Macedo. Todos são acusados de crime de interceptação telefônica clandestina, de posse ilegal de armas de fogo e de formação de quadrilha.

O promotor João Sales, do MPE, afirmou que foi encontrada muita munição nos mandados de busca e apreensão, como pistolas, espingardas e até um fuzil AR-15. Segundo investigações da PIC, Rasera mantinha pelo menos três "escritórios" de investigação, que ofereciam escutas ilegais para empresários, advogados, políticos e autoridades públicas, realizando escutas sem autorização judicial de telefones móveis e fixos.

- Nas buscas e apreensões realizadas foi apreendido material de escuta ilegal, que tinha o apoio de técnicos de empresas operadoras de telefonia e de terceirizadas, que realizavam serviços inclusive de espionagem industrial - descreveu Sales.

Integrantes da quadrilha estão sendo investigados também por suposto tráfico de influência e violação de sigilo funcional, entre outras irregularidades.

Outra prisão realizada ontem foi a do coordenador da Comissão de Mediação de Conflitos Agrários do Paraná, Jocler Jeferson Procópio. Ele é acusado de cobrar propina de R$250 mil de um fazendeiro para garantir o fim de invasões em sua propriedade. Procópio foi exonerado do cargo e vai responder pelo crime de concussão (uso do cargo público para obter vantagens financeiras).

Na comissão, Procópio mediava os acordos para despejos pacíficos realizados no Estado no atual governo, gozava da confiança do secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, e está no grupo desde a campanha ao governo, em 2002.

* Especial para O GLOBO