Título: CAMPANHA CONTRA O ENSINO LIBERAL
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Fonte: O Globo, 06/09/2006, O Mundo, p. 40
Presidente do Irã quer fim de professores seculares nas universidades
TEERÃ. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, deu uma amostra ontem de que pretende fazer com que seu país retroceda no tempo, ao pedir um expurgo de professores liberais e seculares das universidades do país. O presidente aconselhou estudantes a organizarem campanhas, como as realizadas no país nos anos 80 no rastro da Revolução Islâmica, pedindo para que os professores liberais sejam demitidos.
- É difícil alterar as influências seculares em andamento há 150 anos em nosso país. Mas as mudanças já começaram. Os alunos precisam gritar contra as idéias liberais, contra uma economia liberal, e contra professores que dão nota baixa aos que não compartilham de suas idéias - declarou.
Quando o presidente assumiu o cargo, em 2005, ele nomeou um aiatolá (a mais alta autoridade religiosa no xiismo) para a direção da Universidade de Teerã, uma medida contestada por alguns estudantes reformistas. De uns meses para cá, dezenas de professores e acadêmicos liberais de três universidades de Teerã foram forçados a se aposentar.
Segundo analistas, o pedido de Ahmadinejad aparentemente é parte de uma campanha para coibir críticas e evitar o surgimento de grupos de oposição - enquanto o Ocidente pressiona Teerã sobre o seu programa nuclear. Estudantes e intelectuais estavam na vanguarda do movimento que levou o clérigo reformista Mohammad Khatami, ele mesmo um intelectual, ao poder no Irã em 1997. Khatami ficou oito anos no governo e foi sucedido pelo atual presidente, conservador, que se tornou mundialmente famoso por seus discursos contra os EUA e a existência do Estado de Israel.