Título: BUSH: IRÃ PODE SE IGUALAR À AL-QAEDA
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Fonte: O Globo, 06/09/2006, O Mundo, p. 40
Presidente dos EUA chama Ahmadinejad de tirano e compara Bin Laden a Lênin e Hitler
WASHINGTON. Em mais um dia de intensos debates sobre a questão nuclear do Irã, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, atacou o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, chamando-o de "tirano e com o potencial de se tornar tão perigoso quanto à al-Qaeda, se não for logo combatido". Num discurso a militares americanos - que coincidiu com o início oficial da campanha para as eleições de meio-mandato nos EUA e a divulgação, pela Casa Branca, da "Estratégia nacional para combater o terrorismo" atualizada - Bush pediu que "as nações livres do mundo não permitam que o Irã desenvolva armas nucleares".
- Caso contrário, Ahmadinejad se tornará tão perigoso e ameaçador quanto Osama bin Laden - especulou.
Bush também atacou o líder da al-Qaeda, comparando-o a Vladimir Lênin (líder da Revolução Russa) e Adolf Hitler (ditador nazista que promoveu o Holocausto), afirmando que "o mundo ignorou declarações explícitas dadas anteriormente pelos dois e pagou um preço alto por isso". Bush pediu que o mesmo não aconteça em relação a Bin Laden.
Irã é o maior patrocinador do terrorismo, dizem EUA
Na divulgação de seu plano, que tem como objetivo anunciar as novas políticas americanas de combate ao terror, a Casa Branca afirmou continuar confiante na vitória dos EUA e de seus aliados na guerra, e reforçou o compromisso que tem com o Iraque e o Afeganistão. "A al-Qaeda está bastante desgastada, mas continua perigosa", diz o documento.
Para o governo americano, Síria e Irã ainda representam ameaças extremamente preocupantes - sendo o segundo "o mais ativo patrocinador do terrorismo internacional, apoiando grupos como o Hezbollah (no Líbano), o Hamas e a Jihad palestinos", e "recusando-se a prestar contas sobre integrantes da al-Qaeda presos no país desde 2003". O relatório demonstra preocupação de que iranianos e sírios abasteçam extremistas com armas de destruição em massa.
O texto enfatiza que o terrorismo não é simplesmente um resultado da hostilidade em relação à política americana no Iraque, tampouco resulta de questões mal resolvidas entre israelenses e palestinos. Mas a Casa Branca reconhece que a "luta pela paz no Iraque possa ter sido utilizada incorretamente pela propaganda terrorista, para que ela seguisse adiante".
China e Annan defendem mais negociações com Teerã
Enquanto os Estados Unidos endurecem o discurso em relação ao Irã, a China pronunciou-se ontem afirmando desejar que as grandes potências mundiais negociem mais com Teerã. O prazo dado pelo Conselho de Segurança da ONU (31 de agosto) para o Irã interromper o enriquecimento de urânio foi ignorado pelo país, que agora corre o risco de ser submetido a sanções - como desejam EUA, França e Reino Unido. Mas China e Rússia, parceiros comerciais importantes de Teerã e integrantes permanentes do conselho, com poder de veto, defendem mais negociações - o que pode postergar a aplicação de restrições a Teerã.
Ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em visita ao Oriente Médio, pediu que os países "não isolem ainda mais o Irã" porque isso seria ruim para toda a região.