Título: SUASSUNA, ACUSADO DE SANGUESSUGA, ARRECADA R$748 MIL PARA SE REELEGER
Autor: Raquel Miura, Ismael Machado e Flávio Freire
Fonte: O Globo, 06/09/2006, O País, p. 4

Prestação de contas de senador é a maior entre os citados no relatório da CPI

BRASÍLIA, BELÉM e SÃO PAULO. O senador Ney Suassuna (PMDB-PB), citado no relatório da CPI dos Sanguessugas como acusado de participar da máfia das ambulâncias, informou ao Tribunal Superior Eleitoral que arrecadou R$748 mil em dois meses de campanha à reeleição. O valor é bem maior do que a arredação de seu principal adversário, o tucano Cícero Lucena, que declarou doações de R$272 mil. Segundo a última pesquisa Ibope, divulgada em primeiro de setembro, Lucena lidera a corrida pelo Senado com 36% das intenções de voto, seguido de Suassuna, com 21%.

Outros parlamentares que tentam a reeleição e foram denunciados pela CPI dos Sanguessugas apresentaram declarações mais modestas à Justiça. Oficialmente, pelos dados do TSE, a campanha do deputado Lino Rossi (PP-MT) ¿ apontado com um dos coordenadores do esquema que fraudava a compra de ambulâncias ¿ não obteve qualquer recurso até agora. Raimundo Santos (PTB-PA), candidato a deputado federal e acusado de fazer parte do esquema, não declarou despesa nem receita.

O deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), também acusado de ser um dos gerenciadores do grupo, declarou doações de R$21 mil. Na campanha de 2002, o candidato informou ao TSE receita de R$256 mil, valor atualizado pela inflação.

Outros candidatos citados nas investigações também declararam doações baixas, entre eles: Pastor Amarildo (PSC-TO), R$14 mil; Amauri Gasques (PL-SP), R$25 mil; Irapuã Teixeira (PP-SP), R$27 mil; Paulo Baltazar (PSB-RJ), R$39 mil; e Heleno Silva (PP-SP), com doações de R$47 mil. Jonival Lucas Júnior (PTB-BA) informou à Justiça arrecadação de pouco mais de R$30 mil até aqui.

Paulo Rocha até doou dinheiro

No Pará, Paulo Rocha (PT), que renunciou durante o escândalo do mensalão para escapar de processo e também tenta vaga na Câmara, declarou receita de R$235 mil, com despesas de R$200 mil. O candidato declarou ter recebido em cheques R$99,6 mil, R$130 mil em transferência eletrônica e pouco mais de R$6 mil em dinheiro. Chama a atenção a ¿generosidade¿ de Rocha. Ele declarou ter doado R$45 mil a outros candidatos ou comitês de campanha.

A segunda prestação de contas do ex-presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que concorre ao cargo de deputado federal após renunciar ao cargo em razão de seu envolvimento no mensalão, mostra que o volume de doações para a sua campanha aumentou pouco mais de R$10 mil. Os gastos para sua candidatura tiveram um salto significativo: de R$111,9 mil para R$403 mil.

Em São Paulo, parte dos candidatos deixou para entregar a prestação de contas ontem, prazo final do Tribunal Superior Eleitoral. Os dados não haviam sido disponibilizados no site do Tribunal Regional Eleitoral até o início da noite de ontem.

Outros parlamentares que tiveram nomes envolvidos no esquema do mensalão ou outros escândalos envolvendo o PT, como João Paulo Cunha, Antonio Palocci, José Genoino, José Mentor e Professor Luizinho, não tinham suas contas divulgadas pelo tribunal até ontem à noite. O site do TSE mostrava até o início da noite a prestação de contas de apenas 58% dos candidatos a deputado federal de São Paulo.

*Da CBN, especial para O GLOBO