Título: COMISSÃO DO SENADO APROVA CONVITE PARA OKAMOTTO ESCLARECER EMPRÉSTIMO
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 07/09/2006, O País, p. 10

Tucanos alegam que há contradições com o que Lula disse ao `JN¿

BRASÍLIA. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou ontem requerimento convidando o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, a ir à comissão para esclarecer pontos de seu depoimento à CPI dos Bingos. A CCJ quer que Okamotto explique contradições em relação ao pagamento da dívida do presidente Lula com o PT.

O requerimento dos senadores do PSDB Arthur Virgílio (AM) e Tasso Jereissati (CE) diz que Okamotto cometeu crime de falso testemunho ao afirmar que Lula não tinha conhecimento sobre o pagamento da dívida. Para a oposição, o depoimento de Okamotto à CPI é contraditório com a entrevista de Lula ao ¿Jornal Nacional¿, da Rede Globo, em 10 de agosto.

No ¿JN¿, Lula disse que não reconhecia a dívida com o PT e, por isso, não deveria pagar. Em seguida, o presidente acrescentou que na conversa com Okamotto disse: ¿Quer pagar, você paga porque eu não vou pagar porque não devo ao PT¿.

A dívida atribuída ao presidente pelo PT era de R$29,4 mil. Para a CPI, Okamotto negou que tivesse conversado com o presidente a respeito do débito e de sua decisão de pagá-lo.

¿ Fica claro que Lula desmentiu o amigo Okamotto. Um funcionário do governo, sob juramento numa CPI, não pode cometer crime de perjúrio sem que isso seja esclarecido. Okamotto disse que Lula não sabia e o presidente disse que sabia. Quem está mentindo? ¿ provocou Tasso Jereissati.

¿Não há contradição entre Okamotto e o presidente¿

Virgílio insinuou que Okamotto teria sido nomeado para o Sebrae para pagar a dívida de Lula com o salário de servidor:

¿ A dívida foi contraída antes de Lula ser presidente. Mas foi paga depois, quando ele já estava no poder, e Okamotto ganhava o salário do Sebrae ¿ disse.

O requerimento do convite não estava na pauta da CCJ e pegou o governo de surpresa. Só foi possível incluí-lo com uma articulação do presidente da comissão, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Contra o requerimento, votaram Romero Jucá (PMDB-RR), Ideli Salvatti (PT-SC) e Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). O governo ainda não decidiu se Okamotto deve aceitar o convite. Ele não é obrigado a depor na CCJ e como a comissão não terá mais sessões neste mês, isso só ocorreria após a eleição. Para o governo, a aprovação do requerimento foi uma estratégia eleitoreira:

¿ Esse assunto está posto no contexto eleitoreiro. Não há contradição entre Okamotto e o presidente Lula. Okamotto declarou que era procurador de Lula e tomou as providências. Lula não pegou empréstimo com o partido porque o dinheiro era de ressarcimento de gastos de viagem ¿ disse Ideli.