Título: PF DESMANTELA QUADRILHAS LIGADAS À PROSTITUIÇÃO
Autor:
Fonte: O Globo, 07/09/2006, O País, p. 19

Operações em Goiás e na Espanha detém 30 pessoas; 16 mulheres exploradas pelo grupo serão deportadas

BRASÍLIA. A Polícia Federal prendeu ontem duas quadrilhas que aliciavam mulheres em Goiás para se prostituir na Espanha. As operações da PF receberam o nome de Castela e Madrid e foram realizadas em conjunto com a polícia da Espanha. Foram detidas 30 pessoas, sendo nove no Brasil e 21 nas cidades espanholas de Léon e Ourense, entre elas 16 mulheres consideradas vítimas e que serão deportadas para o Brasil.

O espanhol Aquilino Gonzales Iglesias, acusado de comandar uma das organizações criminosas, foi preso ao desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, vindo da Espanha. Os demais são todos brasileiros. Em Goiás, a ação ocorreu em Goiânia e nos municípios de Minaçu e Jussara. Além das prisões temporárias ordenadas pela Justiça, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão nas residências de acusados e em agências de turismo envolvidas no esquema.

A polícia espanhola prendeu quatro brasileiros acusados de aliciamento em Léon, no Clube M2, onde também foram detidas oito mulheres que serão deportadas para o Brasil. Em Ourense, os policiais foram ao Clube Las Ninfas, onde detiveram oito mulheres e um homem. Eles também serão deportados para o Brasil. A superintendência da PF em Goiânia, que comandou a operação, não esclareceu se o homem detido no Club Las Ninfas era criminoso ou, a exemplo das mulheres, vítima da quadrilha.

As prisões na Espanha ocorreram anteontem e levaram Iglesias a fugir do país. Ele embarcou num vôo para o Brasil, onde foi detido ao desembarcar em São Paulo. Hoje, ele será levado para a sede da PF em Goiânia.

A investigação do tráfico internacional de mulheres em Goiás começou em janeiro de 2005. A Justiça determinou a prisão temporária, por cinco dias, de nove pessoas em Goiás. Até ontem à noite, apenas oito tinham sido detidas. São elas: Magna Pires da Costa (Karen), Vânia Aparecida de Lima, Divina Eliene Oliveira dos Santos, Patrícia Miranda de Moraes, Edite de Souza Lício (Susi), Katia Geraldina Gonçalves, Maria Corina Fernandes e Claudia Paiva da Silva.

Essa não é a primeira vez que a Polícia Federal atua em parceria com autoridades espanholas para prender pessoas envolvidas com tráfico de mulheres para exploração sexual em Goiás. No ano passado, foram detidas 20 pessoas em Anápolis, a 50 quilômetros de Goiânia, e em Santander, na Espanha. Em Anápolis, foram presas sete pessoas. Em Santander, 11 goianas foram detidas com o gerente e o dono de uma boate onde elas fariam programas. Além de dois chefes da quadrilha, foram presos aliciadores e uma funcionária de agência de turismo encarregada de superfaturar os preços das passagens e de receber as remessas de dinheiro enviadas por aliciadores europeus.

Nas casas dos suspeitos foram apreendidos dezenas de passaportes, agendas, computadores e documentação relacionada à atuação do grupo. Segundo a PF, esse esquema de tráfico ilegal paga em média 300 euros por mulher recrutada. A quadrilha recebe um extra pelo superfaturamento das passagens que, em geral, têm seus preços aumentados em pelo menos 20% do preço original.

TRÁFICO DE PESSOAS GERA ATÉ US$44 BILHÕES POR ANO na página 33