Título: IPEA PREVÊ AVANÇO MENOR DO PIB, DE 3,3%, ABAIXO DOS 4% DE MANTEGA
Autor: Mirelle de França
Fonte: O Globo, 07/09/2006, Economia, p. 28

Instituto culpa efeito-câmbio nas exportações e queda de investimentos

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, reviu sua expectativa de crescimento da economia brasileira este ano, de 3,8% para 3,3%. A previsão mais pessimista vai de encontro à estimativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que na última terça-feira disse esperar uma expansão de 4% para 2006. Ainda de acordo com o ¿Boletim de Conjuntura¿, divulgado ontem pelo Ipea, o avanço da economia em 2007 deverá ser de 3,6%.

A revisão para baixo da previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas geradas no país) de 2006 é conseqüência do desempenho da economia no segundo trimestre ¿ quando o avanço foi de apenas 0,5% em relação aos três primeiros meses de 2006 e de 1,2% frente o mesmo período de 2005. De acordo com o economista do Ipea Fábio Giambiagi, o segundo trimestre deste ano foi bastante decepcionante:

¿ Houve mudança de cenário e o resultado foi claramente ruim e bem pior do que a gente imaginava. O câmbio prejudicou as exportações e houve queda no indicador de investimentos no país, principalmente no segmento de construção civil ¿ disse o economista, ressaltando que uma maior expansão depende da redução de gastos públicos e aumento dos investimentos, principalmente no setor de infra-estrutura.

Instituto também reduziu estimativa de inflação

O diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, Paulo Levy, ressaltou que o comportamento das exportações ficou muito abaixo do esperado devido ao câmbio desfavorável, o que contribuiu fortemente para o cenário mais pessimista do PIB:

¿ Não chega a ser uma surpresa. Há muito tempo já vínhamos esperando os efeitos do câmbio se manifestarem nos volumes das importações e exportações brasileiras.

A previsão do PIB também caiu devido à expectativa de crescimento menor no consumo das famílias, de 4,8% para 4,3%, e dos investimentos, de 7,8% para 6%. A expansão da indústria no PIB também recuou de 5,3% para 4,2%.

O Ipea reduziu ainda a estimativa para a inflação. Segundo o boletim, o IPCA deve fechar 2006 em 3,2%, contra os 4,4% previstos antes e bem abaixo da meta deste ano (4,5%). O mesmo aconteceu com o câmbio, cuja estimativa caiu de R$2,25 em junho, para R$2,19 no boletim de ontem.