Título: UNIÃO GAY CAUSA POLÊMICA EM CULTO
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 09/09/2006, O País, p. 11

Faixas sem assinatura dizem que Cabral é a favor do casamento homossexual

Manifestantes que seguravam faixas contra a união homossexual causaram polêmica ontem de manhã, em Santa Cruz, em frente ao templo da Assembléia de Deus, antes da chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As faixas, que não estavam assinadas, traziam a inscrição: ¿Você é a favor do casamento gay? Sérgio Cabral é. E fez até lei pra isso (PEC 70/2003)¿. Seguranças do templo chegaram a impedir os manifestantes de ficarem próximos ao local, onde Lula receberia apoio de evangélicos, durante evento coordenado pelo bispo Manoel Ferreira.

Apesar de ter participado do encontro, o candidato do PRB ao governo do estado, Marcelo Crivella, negou a autoria, de maneira humorada, mas afirmou ser contrário à causa:

¿ Não fui eu que escrevi a faixa, mas confesso que gostei, porque ajuda a decidir o voto, já que tem muitos evangélicos votando no Cabral. Eu sou contra a união gay porque a evolução chegou à conclusão que o melhor é um homem e uma mulher, porque podem constituir família. De outra maneira, não podemos considerar um casamento ¿ disse o candidato, acrescentando que os autores devem ser ¿gente da igreja¿.

Cabral prefere não discutir com adversários

Alvo dos ataques, o candidato Sérgio Cabral (PMDB) disse que não vai responder à provocação de adversários e, quanto ao casamento gay, afirmou que abomina qualquer tipo de preconceito e que sempre foi defensor da união de homossexuais.

No dia 2 de setembro de 2003, Cabral apresentou Proposta de Emenda à Constituição (PEC 70/2003) de alteração do parágrafo 3º do artigo 226 da Constituição Federal, para permitir a união estável entre casais homossexuais. Entretanto, de acordo com o site do Senado, que mostra a tramitação das matérias, a PEC está parada desde 24 de novembro de 2004, quando membros da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania solicitaram a realização de uma audiência pública sobre o assunto.

Candidata do PPS, a deputada Denise Frossard informou que também é favorável ao contrato entre pessoas do mesmo sexo e que, inclusive, julgou vários casos favoravelmente, quando era juíza.

¿ A lei não pode deixar desprotegidos aqueles que têm liberdade de se unir. A gente não pode determinar preferências, crenças nem com quem as pessoas querem viver. Por isso, o estado é separado da igreja ¿ disse a deputada, que questionou a origem da manifestação:

¿ A lei não proíbe o uso da faixa. São obreiros que estão se manifestando. Não há nada ilegal, mas eu, como candidata, não permitiria que meus correligionários criticassem meus adversários. Porque as críticas contra eles quem faz sou eu. E se for incentivado pela igreja, isso não é bom. O candidato é que deve fazer as críticas ¿ afirmou.

Classificando o episódio como lamentável, o candidato do PSDB, Eduardo Paes, também afirmou ser favorável à união de homossexuais, e criticou os ataques apócrifos. Segundo ele, porém, a discussão não cabe numa eleição para governador, já que o eleito não poderá fazer nada em relação ao tema.

¿ Sobre o tema, se for eleito, o que posso fazer é reconhecer o direito à pensão.