Título: O papel do PMDB
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 08/09/2006, O GLOBO, p. 2

À medida que se aproximam as eleições de outubro os olhos se voltam em direção ao PMDB. Este partido, que por falta de unidade não tem um projeto próprio de poder, tem sido fundamental para assegurar a governabilidade. E as pesquisas de intenção de voto para os governos estaduais e o Senado indicam que o PMDB terá um papel importante nos próximos quatro anos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem repetido à exaustão que, se for eleito para um segundo mandato, fará um governo de coalizão com o PMDB. O tucano Geraldo Alckmin, se por um acaso vier a ser eleito, também governará com o PMDB. Este partido tem se mantido como protagonista da política nacional nestes anos todos a despeito de seus erros e da antipatia que goza nas elites políticas e econômicas do país. No próximo mandato não será diferente. Isso decorre da força eleitoral do PMDB, que de acordo com seu presidente, deputado Michel Temer (SP), é resultado dos vínculos reais com a população. As pesquisas projetam o PMDB elegendo oito ou nove governadores, a maior bancada do Senado e, na Câmara, uma das três maiores bancadas. O partido, a despeito de suas divisões, será estratégico para garantir a governabilidade.

Mas o PMDB quer mais do que sustentar governos, ele quer ter um projeto próprio de poder, diz o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na sua avaliação, estão criadas as condições para a unificação do partido tendo em vista as eleições presidenciais de 2010. O presidente Lula não será candidato, o PT não terá um candidato natural e o PSDB disputará sozinho, pois os pefelistas já estão mergulhados no projeto da candidatura do prefeito do Rio, Cesar Maia. A alternativa mais visível com a qual os governistas do PMDB trabalham é com a candidatura do governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Seu nome é considerado ideal, por ser um político agregador e flexível que, imaginam, poderia finalmente colocar todas as lideranças regionais do PMDB juntos num mesmo projeto de poder. Eles dizem que o ingresso de Aécio no partido é uma questão de tempo, só o necessário para que ele se convença que o PSDB, dominado pelos paulistas, não abrirá mão da candidatura do provável governador de São Paulo, José Serra, para a Presidência da República.